A Itália não acabou, mas tá quase lá…

Nos últimos dias, uma nova “onda” de gravações telefônicas da época que causou o maior escândalo da história do futebol italiano, ‘Calciopoli surgiu atirando lama em quem se julgava a salvo. Por trás das novas revelações, dizem, estaria Luciano Moggi, o artífice do esquema. Moggi foi punido, mas brandamente. se afastou do futebol e jurou voltar em 2011, quando acaba sua “suspensão”. Pela lei, deveria ter sido preso por estelionado, perdas e danos e tráfico de influências.

Na nova onda, a Inter aparece soterrada no esquema. Da mesma forma que os diretores de arbitragem falavam com Moggi e Meani (funcionário do Milan encarregado de lidar com a arbitragem), o ex-dirigente da Inter, Giacinto Facchetti, conversava longamente em termos suspeitos. Naturalmente não se trata de conversas de corrupção aberta, mas o esquema certamente beneficiava também a Inter. A Roma? Luciano Spalletti, então treinador romanista, aparece numa gravação onde Pierluigi Pairetto, o designador arbitral, diz que um determinado auxiliar “blindaria” a Roma contra erros.

Como disse o presidente da Sampdoria, Riccardo Garrone, o problema é a imagem. É claro que o futebol italiano está podre e viciado. prova disso são os balancetes falimentares, times velhos, falta de renovação, estádios obsoletos e falta de competitividade europeia. A Inter? Está na semifinal da LC por conta de Mourinho e de um Chelsea alquebrado por lesões. É pouco provável que os ‘nerazzurri’ saiam ilesos dessa segunda saraivada. E o futebol italiano se enterrará um palmo a mais.

O futebol na Itália jamais sairá das mãos da oligarquia do país. Agnellis (agora, Elkanns), Berlusconis, Morattis, Sensis e De Laureentiis não deixarão seus lugares. Contudo, é preciso que se modernizem. É preciso que abram mão dos falimentares Gallianis, Oriallis e Bettegas para dar espaço a administradores sérios. A corrupção é péssima para todos. Como mostra a Juve, até para quem se beneficia dela num primeiro momento. Pior do que isso, é que ela desestrutura e deixa um rastro de lesmas para trás. A Itália hoje, é uma sombra dos clássicos dos anos 80, graças a Moggi e companhia. Reconstruir tudo levará uma década.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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