Sobre a convocação

De um modo geral, não teria nada a reprovar Dunga nas suas escolhas. Ronaldinho Gaúcho ainda está jogando 30% do que poderia e dessa forma não é intocável. Alguns nomes como Maicon, Dani Alves, Thiago Silva e Kaká se convocam jogando. Mas é nos detalhes que discordo diametralmente da lista do Anão.

A Seleção Brasileira não pertence a Dunga. A lista não serve para que ele dê suas demonstrações de apreço ou gratidão. E não há absolutamente nada que faça crer que Doni (Roma) merecesse uma vaga sem jogar há meses. Robinho chegou à Seleção com uma partida no Santos, mas tem qualidade suficiente para tirar coelhos da cartola. Infelizmente para ele, na Copa, não teremos sete partidas contra o Equador onde ele pode fazer presepadas circenses. Assim, Dunga deveria convocar o que tem de melhor e não retroativamente. Fosse assim, poderia convocar Pelé, Falcão e Zico, por serviços prestados no passado, ou Romário, seu amigo em 1994.

A segunda preocupação vem com um alívio. Não temos laterais esquerdos na Seleção, Gilberto nunca jogou o suficiente para ser externo defensivo nem do Botafogo, quanto mais da Seleção. Michel Bastos está em grande fase, mas joga à frente, variando pelo centro, numa fase do jogo bem diferente que as incursões em velocidade da lateral. Pelo menos Dunga não chamou Kléber, o jogador mais sobrevalorizado do país.

Um leitor me pergunta se eu ainda acho que Vagner Love será convocado. Não tenho dúvidas. Ele é bom o suficiente para o futebol brasileiro e jogando com Adriano, vai passar bem no Fla, especialmente no sepulcro do futebol, o Campeonato Carioca (paulista, não se ufane, o Paulixão também é um espetáculo de horrores). Não tenho dúvidas que Love, salvo uma lesão, estará na Copa. Com Robinho no Santos, enfrentando timaços da Copa do Brasil, também. Assim, a bomba está no colo de Nilmar.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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