Vagabundagem premiada

O retorno iminente de Robinho ao Brasil (provavelmente ao Santos) é um indício forte que a tendência ditada por Adriano para voltar ao Brasil. Joga-se o profissionalismo às favas, começa-se a fazer corpo mole e circuito night e de repente, um clube brasileiro apresenta-se para “ajudar” o jogador a reaver a forma. Grande coincidência. Apesar de ter um contrato em vigor, os jogadores se acham no direito de ir e vir quando quiserem. Contudo, quando se machucam e ficam vários meses parados, recebendo seus salários gordos bem gostoso, não me lembro de nenhum deles tentar rescindir o vínculo.

Os brasileiros cuja participação na Copa do Mundo está em risco estão todos voltando. Adriano, Vagner Love, Alex Silva, Robinho, Anderson, Cicinho, Mancini. Todos esses e alguns outros estão sedentos por seis meses de futebol no Brasil para evitar o esquecimento de Dunga. Nem todos eles conseguirão algo. Além de Adriano  e Robinho, é difícil imaginar outro sucesso. E se houver, é o de Love, por causa do Flamengo (se Ronaldo estivesse com menos de 100 kg, também iria, pelo Corinthians)

Dos citados, poucos têm futebol para um grande europeu. Adriano e Robinho, eu diria. Mas o primeiro, se terinasse duro e o segundo, se tomasse ciência de que ao contrário do que muitos colegas diziam, não é Pelé. Aliás, tem menos a ver com Pelé do que pelo menos duas dúzias de outros jogadores. Voltando ao Brasil, Robinho terá novamente a impressão de ser um deus da bola. Mas não é – e não por falta de talento.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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