Itália reitera sua condição terceiromundista

Três anos e meio depois de causarem o maior dano da história do futebol italiano, Luciano Moggi, Roberto Bettega e Antonio Giraudo – a tríade de dirigentes juventinos – foi absolvida hoje pela justiça italiana por uma excrescência legal de “não-subsistência do fato”.

Assim, a Itália se acomoda gostosamente junto ao Brasil no rol dos países que não são sérios. Sim, é verdade que não é exatamente uma novidade. Eleger Silvio Berlusconi sistematicamente para o cargo de premiê já indica alguma disfunção sociopolítica no país. Mas para nós, que acompanhamos o mundo do futebol, a absolvição de Moggi e sua ratatulha é que é definitiva na inclusão italiana na escória civil.

O mal causado por Moggi na sanha de obter prestígio e poder para si mesmo (a Juventus era apenas uma refém em posição confortável) levará, no mínimo, uma década para ser superado. Pode perfeitamente levar mais tempo que isso e pode também jamais ser revertido, porque o status quo do futebol italiano e o tipo de maracutaia sistemática que está enraizado no ‘calcio’ está absolutamente intocado. Todos os ratos ainda mordem seus queijos besuntados de lama, todas as cobras se esgueiram pelas mesmas pedras geladas e todo o lixo continua a apodrecer a olhos vistos.

A diferença, de verdade, está no campo. Não tem mais Kaká. Não tem mais Ibrahimovic. Espanha e Inglaterra estão um degrau acima e a competição agora é com campeonatos de porte menor. E se prepare: a Juventus já avisou que colocará a terceira estrela no peito caso vença o “scudetto” – assim, jogando no lixo a condenação esportiva por fraude. A Itália tem o que merece.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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