Dois Fluminenses

Há um Fluminense que merece ser rebaixado. É o Fluminense de Roberto Horcades, de Celso Barros e de mais meia dúzia de aristocratas tricolores que não entendem nada de futebol. Eles não planejam o clube há décadas, não cumprem com suas obrigações – nem as de óbvias como pagamento de salários. Enterraram o Fluminense numa situação que, num país sério, levaria tempo para tirar. Aqui, nunca se sabe quando um STJD da vida, com a suas escória jurídica, não vai dar uma força.

Mas confesso: nem toda a racionalidade do mundo me consegue fazer contra esse time do Fluminense que está aí. Não me refiro à técnica ou à qualidade. É a dedicação. A vitória de ontem em cima do time de cafajestes do Cerro Porteño foi uma coisa linda de se ver. Era visível que os jogadores do Tricolor estavam dando a alma. Nada mais importava. Se tivessem de morrer depois do jogo, ótimo. Eles estão com um foco assombroso. Sensacional. Correndo com a cabeça enfaixada, Gum me lembroua  imagem de Beckenbauer com o braço na tipóia na Copa de 1970. Claro, os dois não estão no mesmo planeta, no que tange ao talento, mas a partida do defensor tricolor foi bravura pura.

Não sei se o Flu cai – apesar de achar sinceramente que o Botafogo não dará conta de segurar o rojão. Mas estes caras do elenco do Flu mereceriam sorte melhor.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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