Toalha no campo

O Atlético-MG não será campeão brasileiro. A observação não pretende nenhum demérito. Pela primeira vez nesta década, o Galo montou um grupo de trabalho (incluindo técnico, preparação física, gerência de futebol, elenco, etc) que tem a ver com um clube que pretende assumir um espaço de protagonista. Ainda assim, não é um time pronto para ser campeão.

Curiosamente, na vitória contra o São Paulo, é que o limite do Galo se fez evidente. Diante de um time tricampeão brasileiro, o Atlético jamais deixou de ter o comando do jogo. Verdade: a derrota tricolor se fez com um pênalti claro como cristal, não dado, sobre Dagoberto. Mesmo assim, deu as cartas por 90 minutos. “Mas e como então isso revela os limites?”

Os limites se delinearam pela comparação com partidas anteriores e podem servir para o clube evoluir em 2010. Um time que pretende ser campeão e com a capacidade expressada diante do São Paulo não pode fazer jogos tão fracos como nas derrotas para o Botafogo e mesmo no clássico com o Cruzeiro. Ainda assim, o saldo é mais que positivo.

A partida do Morumbi jogou definitivamente é a toalha tricolor no campeonato. Algo, aliás, absolutamente normal, depois de três anos de sucesso. O elenco visivelmente não tem a maior harmonia do mundo, jogadores querem sair e estão jogando muito abaixo do exigido (Miranda, Borges, Hugo, Washington). Dessa forma, salvo engano, o Palmeiras fica sem adversário para ganhar o Brasileiro – o quarto de Muricy seguido (seria o quinto, caso o título do Corinthians em 2005 fosse colocado em questão).

Uma coisa parece certa: o Campeonato Brasileiro, que nunca me furtei em criticar, melhora ano após ano. Ainda há um oceano (literalmente e não literalmente) entre o nosso futebol e as ligas de peso da Europa. Ainda assim, depois de duas décadas de destruição causada pela CBF e pela gestão Ricardo Teixeira, o horizonte tem uma luz. Essa recuperação só faz ainda mais surpreendente a força da Rede Globo para acabar com os pontos corridos, dando um verdadeiro tiro no próprio pé.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.

3 Comments

  1. O pessoal da Globo, pelo que pude ler ouvir recentemente, acompanha com enorme interesse a CL. Assim, que tal se acontecer uma disputa de mata-mata entre Unirea e Olympiakos? Nem consigo imaginar o gigantesco buzz que esse confronto irá criar…

  2. A Globo quer acabar com os pontos corridos? Por que não ampliam a Copa do Brasil para que todas as equipes possam disputar – inclusive aquelas envolvidas com a Libertadores no primeiro semestre? Algo como as copas nacionais na Europa, que começam com zilhões de equipes nanicas e em determinada fase recebem as grandes. Parece mais lógico…

    E, embora não venha acertando nada ultimamente, estou chutando que o Cruzeiro vai atropelar na reta final e levantar o caneco. Se isso acontecer mesmo, não será nada bom para o pessoal do Galo. Seria uma grande prova para a maturidade gerencial do clube.

  3. Ainda mais incrível que a pressão da Globo para que retorne o “mata-mata” é a nova fórmula proposta pela emissora:
    Segundo o blog do Juca Kfouri, seriam mantidos os dois turnos, mas se classificariam os oito melhores como era até 2002. E de onde a Globo pensa em tirar mais 6 datas? Dos Estaduais não deve ser…

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