Leonardo dá sinais

Ok, o Milan ainda está longe de ser candidato sério ao título na Itália e menos ainda de ser o titã que sua história testemunha. Mas as últimas quatro partidas do time (Roma, Real Madrid, Chievo e Napoli) precisam ser levadas em consideração ao se dar algum mérito ao neotécnico Leonardo.

Eu confesso que depois do empate suado com a Atalanta, achei que Leonardo cairia. Suas demonstração de conhecimento tático não existiam, o time não corria e mesmo tecnicamente parecia combalido. A pausa de 15 dias das partidas de seleções fizeram com que o time reencontrasse ao menos disposição e inteligência para fazer o mínimo.

Leonardo tinha proposto ao Milan um 4-3-3, que era impraticável por várias razões. Primeiro, o miolo central exige jogadores com o físico no ápice, mas Gattuso, Ambrosini e Seedorf mal paravam em pé. Segundo, exige dois atacantes externos que tenham grande movimentação para puxar o meio-campo e inserir o oposto na manobra ofensiva – com Pato mal e Ronaldinho em condição indizível, era inviável; terceiro, porque exige um centroavante forte fisicamente que prenda os zagueiros. Quarto, que exige dois laterais com fôlego para apoiar o tempo todo – ou então os atacantes são facilmente “marcáveis” – mas Jankulovski e Zambrotta pareciam ex-atletas. Quinto, o esquema precisa de uma dupla de zaga fortíssima. Kaladze e Favalli eram suicídios em potencial.

Técnico do Milan Leonardo
Segurando um rojão sem tamanho...Leonardo

Mesmo longe do ideal, Leonardo recuperou fisicamente todo o elenco pelo menos para o esquema poder funcionar. Alexandre Pato parece ter despertado e Ronaldinho eventualmente tem despertado de seu coma futebolístico. O descartado Oddo não está jogando tão mal e a dupla Thiago Silva-Nesta é, bem fisicamente, parelha com qualquer uma do mundo – na verdade, o único setor realmente à altura das expectativas. O problema é a fragilidade física de Nesta.

Sob uma chuva de pedras, Leonardo não desistiu e aparentemente conseguiu encontrar soluções em sua difícil situação. Esse time não deve ser campeão de nada, salvo uma evolução digna de entrar para a história. Mesmo assim, caso mantenha a recuperação gradual que vem mostrando, o time terá grande parcela de mérito dele. Para vôos maiores, a única chance passa mesmo por novas contratações.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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