A culpa de cada um

Uma declaração dada pelo premiê italiano Silvio Berlusconi, de que os jogadores deveriam ter seus salários diminuídos, iniciou uma série de protestos por parte dos maiores interessados – os jogadores. O capitão da seleção, Fabio Cannavaro, disse que Berlusconi devia estar falando de seu clube, o Milan, e o ex-milanista Demetrio Albertini disse que “os salários não são culpa dos jogadores e que eles só aceitam o que os dirigentes os oferecem”.

Mentira. A inflação irreal de salários é culpa e responsabilidade imediata dos jogadores sim, embora de fato os dirigentes colaborem. Hoje, poucos clubes no mundo têm força para peitar os grandes agentes. Certos empresários têm dezenas de atletas num mesmo clube e diante da chantagem dos agentes, não há como não abrir as pernas.

Também é natural que ninguém imagine que os jogadores vão lutar pela redução dos próprios vencimentos. O que é urgente – urgentíssimo – é uma regulação draconiana da Fifa em relação aos empresários e a aplicação da lei que já existe, que proíbe pessoas de deter direitos sobre jogadores. Hoje, através de maracutaias jurídicas, isso não acontece.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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