A carniça peruana

A decadência e caos do futebol peruano (que na verdade já está extinto desde a década de 70) trouxe ao ar do mundo do futebol um cheiro se sangue que só ensandece as hienas. Se a federação do país ficar “de mal” com a Fifa mesmo e perder as suas vagas na Libertadores, a luta pela carniça dos peruanos será intensa. E malcheirosa.

Os primeiros boatos dão conta de que o Internacional se mexe para conseguir que o campeão da Sul-Americana deste ano ganhe uma vaga na Libertadores. Sim, é verdade que uma vaga na Libertadores para o campeão da nossa Copa Uefa seria um excelente modo de transformar o torneio em uma competição de verdade. Mas para 2009. Para esta edição, seria de um oportunismo nojento, uma politicagem absurda e que já deixaria a Libertadores 2009 exalar um olor antes mesmo de começar.

Na verdade, rumores sobre manobras do Internacional para conseguir uma vaga na Libertadores no ano de seu centenário já vêm de longe. O clube, que se auto-proclama “o melhor elenco do Brasil”, me lembra muito o “Real Madrid do Morumbi” da época de Oswaldo de Oliveira. No papel, só craques. Em campo, irregularidade e muitas justificativas pelos resultados que não vinham.

Sim, o Inter tem todo o direito de querer fazer bonito em seu centenário. Aliás, a obrigação. Para isso, o primeiro passo é abrir mão do oportunismo barato, tentar conquistar tudo o que puder em 2009 (Gauchão, Copa do Brasil e Brasileiro) e chegar a mais um Mundial – limpo e imaculado – em 2010. Não importa que com 101 anos ao invés de 100.

Mas certamente mais abutres tentarão arrancar um naco de uma possível carniça peruana. Um entre Flamengo e Palmeiras ficará sem vaga na Libertadores . Caso uma vaga fosse designada ao Brasil, aliás, esta seria a possibilidade mais justa e o que aconteceria em qualquer liga séria: o melhor colocado do campeonato nacional que não tivesse lugar na Libertadores. Mas tem mais: o Fluminense, com a sofrível justificativa de ser o atual vice-campeão da Libertadores, postula a vaga. Logo, o Corinthians pedirá a vaga pelo título da Série B, Felipe Massa pelo vice na F1 e O Zé Costela pelo título do Campeonato de Bocha da Vila Ré. Uma série de justificativas à altura do STJD.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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