O ressurgimento de Daniel Alves.

Após o amistoso da última quarta-feira vencido pela seleção brasileira por 1×0 sobre Honduras em Porto Alegre (RS), a imprensa já repercutia a confirmação da convocação do lateral-direito Daniel Alves. O titular eleito por Dunga, Danilo que está se transferindo do FC Porto para o Real Madrid, não se recuperará de uma lesão no joelho a tempo da disputa da Copa América.

Aos 32 anos, Daniel Alves ganhou projeção na seleção durante a primeira gestão Dunga, entre 2006 e 2010. Na época, Alves ainda atuava pelo espanhol Sevilla. No retorno de Dunga à CBF após o Mundial 2014, Alves não foi convocado exatamente devido a idade avançada.

O semestre de Daniel Alves junto ao Barcelona beirou o esplendor, uma vez que sua trajetória na Catalunha aparentemente se via próxima do fim. Antes da temporada 2014/2015 começar, Alves foi especulado no Manchester United e no PSG. A diretoria culé dava a entender que seu contrato não seria renovado. A punição que o Barça cumpre, que o proíbe de contratar atletas até o fim de 2015, era um fator que pesaria na renovação.

O contrato de Alves foi estendido pela diretoria catalã no início desta semana, após os festejos da conquista da segunda tríplice corôa europeia. Daniel Alves chegou ao Camp Nou na temporada 2008/2009 e integrou a equipe que venceu o primeiro ‘triplete”, sob comando de Pep Guardiola em 2009. Na época o lateral custou 36 milhões de Euros. O vínculo que estava prestes a expirar neste mês, foi estendido até 2017 com possibilidade de renovação por mais um ano.

A confiança de Luís Enrique.

O periódico espanhol El País, ressaltou palavras de Alves, as quais confirmaram a confiança depositada pelo treinador Luís Enrique, em seu futebol. Semanas antes da final da Champions League, Alves afirmou publicamente que estava “102% comprometido com a equipe, mas 10% comprometido com a diretoria culé”.

Luís Enrique havia dito ao lateral para não dar ouvido às críticas e se esforçar, pois o intento ao fim da temporada era “desfrutar”, dito no bom catalão. No início da temporada tanto Alves quanto Jordi Alba foram duramente criticados, quando o time tentava se acertar.

A deficiencia defensiva de âmbos eram os alvos das críticas que se intensificaram no fim de 2014, quando o time perdeu por 3×2 para o PSG, na fase de grupos da CL. E um pouco mais, após a derrota por 3×1 em “el clasico” disputado contra o Real Madrid, no primeiro turno de La Liga.

Em campo, Luís Enrique lidava com a adaptação e efetivação plena do meia Ivan Rakitić, que acabava de chegar. O atacante Luís Suárez, só entrou em campo em outubro, cerca de dois mêses após o início da temporada, ainda cumprindo suspensão consequente a mordida em Chiellini, durante a copa do mundo.

Nas entrelinhas, a aposta de Enrique era na parte física, tanto de Alba quanto de Daniel Alves. Se por um lado, ambos apresentavam deficiencias no desarme e na parte defensiva, por outro ambos poderiam mostrar capacidade de avanço e recúo mediante a perca da posse de bola, valendo-se do condicionamento físico. Isso quando o ápice físico fosse atingindo na reta final da temporada, por volta de fevereiro, março.

Foi o que aconteceu e Daniel Alves foi elogiado na reta final da Champions League. O lateral brasileiro venceu a sua terceira CL pelo Barcelona, tendo obtido êxito no torneio em 2009, 2011 e agora em 2015.

Na seleção brasileira.

Daniel Alves passou a ter a confiança de Dunga durante a conquista da Copa América 2007, onde a seleção conviveu com pedidos de dispensas de Kaká e Ronaldinho Gaúcho. Dunga se valeu de um “time b” com Doni, Júlio Baptista, Elano e o próprio Daniel Alves, equipe que inesperadamente foi à final e venceu a Argentina.

Na época, Maicon ganhou a titularidade na lateral-direita, incluindo-se durante o Mundial 2010. Daniel Alves era utilizado como meia-direita, tendo Elano como “suporte de marcação” ao seu lado. Quando Elano se lesionou ao fim da primeira fase da copa de 2010, Alves se tornou titular mas o meio-campo se desestruturou. Os problemas se afloraram na eliminação para a Holanda (2×1), nas quartas de final.

No último Mundial, Daniel Alves era o títular de Felipão apresentando nítidos problemas de marcação. Perdeu a titularidade exatamente para Maicon, na partida vencida contra a Colômbia (2×1), nas quartas de final. Na derrota por 7×1 para a Alemanha, Alves foi reserva.

A opção de Dunga em “ressuscitar” Daniel Alves se dá em nome do aspecto psicológico em relação ao jovem Fabinho, titular no último amistoso contra Honduras. Em caso de desastre na Copa América, os mais jovens tendem a ser “queimados”. Fabinho fez boa temporada no Monaco e a terceira opção no elenco para a posição é o zagueiro Marquinhos do PSG.

A seleção estreia na Copa América contra o Peru, no próximo domingo.

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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