Barcelona: Xavi e o fim de uma era.

“Gostaria que se lembrassem de mim como um apaixonado deste esporte e futebolista até a medula.”
(Xavi Hernandéz)

Nesta quinta-feira o meia catalão Xavi Hernandéz ainda parte do elenco do Barcelona, anunciou em coletiva de imprensa que encerrará seu vínculo com o clube culé, ao findar desta temporada. O meio-campista de 35 anos porém, não encerrará a carreira, devendo assumir um compromisso de duas temporadas com o clube árabe Al Saad, do Catar.

Xavi carrega a marca absurda de ter conquistado 23 títulos (que podem chegar a 25 nas próximas duas semanas), em 24 anos servindo ao clube blaugrena. Em 2006, o meia era parte importante do elenco culé, não tendo no entanto disputado a final da Champions League 2005/2006, por lesão física. No Brasil muitos tinham a percepção eclipsada pela presença de Ronaldinho Gaúcho, que teve uma atuação abaixo da média, naquela decisão vencida no sufoco por 2×1, contra o Arsenal.

Nove anos depois Xavi contabilizou três títulos de Champions League, com o quarto podendo ser obtido na final da atual edição do torneio no próximo dia 06/06. Neste mesmo período, o meia foi peça fundamental da seleção espanhola que venceu as EURO’s 2008 e 2012 e o Mundial de 2010. Ronaldinho por sua vez, só conquistou um título relevante desde aquela CL 2005/2006, a Libertadores de 2013 pelo Atlético/MG. É um comparativo suficiente.

1432207164_684221_1432208521_noticia_normal

Xavi em coletiva nesta quinta. (Foto: Josep Lago – AFP)

Vestindo a camisa 6, Xavi surgiu no elenco principal blaugrena em 1998. O meio-campista estava sendo preparado para substituir o então jogador Josep Guardiola. Voltando à coletiva desta quinta, Xavi afirmou que pretende iniciar preparação para seguir trabalhando no futebol. Disse que tem intenção de voltar ao Camp Nou futuramente, para exercer função de diretor esportivo ou mesmo treinador.

O meia catalão também afirmou que constatou o fato de ter tido menos minutos no time principal na temporada que se encerra. Por outro lado, disse ter a consciência de que sua carreira como futebolista ainda não se encerrou. Confirmou também que o clube catalão lhe ofereceu uma extensão contratual até 2018, diplomaticamente não aceita.

Xavi será homenageado no Camp Nou no próximo sábado, quando o Barcelona enfrentará o Deportivo La Coruña, pela última rodada de La Liga. A federação espanhola aproveitará a ocasião para entregar o trofeu de campeão do torneio, matematicamente já conquistado pelo Barça.

O meia ainda disse de forma bem humorada que apesar de tantos títulos, faltou-lhe durante a carreira um “hat-trick” (ou marcar três gols numa única partida) e um gol de bicicleta. Proezas que ainda podem ser feitas no próximo sábado, no dia 30/05, decisão da Copa Del Rey contra o Athletic Bilbao. Ou na final da CL contra a Juventus.

Após a Espanha conquistar o Mundial 2010, um renomado jornalista futebolístico brasileiro que escrevia para o site Trivela, expressou um coerente mea culpa pessoal por não ter botado fé nem em Xavi, nem em Iniesta. Afirmou que quando viu os primeiros grandes momentos daquele Barcelona 2005/2006, pensou algo como “nossa quanto Lucio Flávio nesse time”, atribuindo a comparação justamente a Xavi e Iniesta.

Lucio Flávio foi um meia brasileiro semi-anônimo, que se tornou folclórico por ter sido apresentado por seu empresário no futebol árabe como o “Pelé branco”. Este que vos escreve sempre alude a uma declaração do falecido escritor Eduardo Galeano, que afirmou certa vez que os catalães carregam deuses dentro de si. Xavi é um destes.

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
Top