Nesta segunda-feira a vitória do Barcelona por 2×1 sobre o rival Real Madrid, em partida ocorrida no domingo ficou em segundo plano. O resultado do jogo decretou um distanciamento de 4 pontos do Barça (68 pontos) em relação ao vice-líder de La Liga, o próprio Real Madrid (64 pontos). Mas seu “day after” foi ofuscado pelas consequências da compra de Neymar.
Os problemas decorrentes da contratação do atacante brasileiro se desenrolam já a algum tempo, desde sua chegada em 2013. De lá pra cá, houve a saída do agora ex-presidente Sandro Rosell, substituído pelo atual presidente, Josep Maria Bartomeu no começo de 2014. Nesta segunda-feira o Ministério Público espanhol determinou possibilidade de Rosell e Bartomeu serem presos por sonegação fiscal.
Rosell pode receber pena de 7 anos e três meses de prisão, ao passo que Bartomeu por ser recluso por 2 anos e três meses. A irregularidade se dá em nome de sonegação fiscal decorrente dos valores nebulosos pagos pelo atacante brasileiro. A transação envolveu Barcelona, Neymar Santos pai e representante do atacante e o ex-clube do jogador, o Santos Futebol Clube.
A saída de Rosell em janeiro de 2014 se deu em nome da divulgação do valor supostamente real da compra de Neymar, que teria chego a cerca de R$ 300 milhões (ou 95 milhões de Euros). Estimava-se que o Santos teria recebido apenas R$ 183 milhões pela venda do atacante ao clube catalão. Na ocasião a denúncia foi feita pelo periódico espanhol El Mundo.
Na sequencia daqueles eventos o Barcelona já sob comando de Bartomeu, alegou erro nos registros da compra de Neymar e divulgou o valores. A transação toda custara 86 milhões de Euros (9 milhões a menos do que a denuncia do El Mundo). Foram 57 milhões de Euros pagos pelo atacante mais um valor complementar de 29 milhões de Euros que cobriam luvas, ações de marketing, etc.
Voltando ao presente, a situação revisada e atualizada foi nomeada de forma bem humorada enquanto “Neymarlão”, por André Rizek apresentador do programa Redação Sportv que foi ao ar nesta segunda. A alusão se dá ao termo “petrolão” referente a operação “lava a jato”, a qual investiga os problemas da Petrobrás no Brasil.
Além do “Neymarlão”.
Nos bastidores do Fútbol Club Barcelona, a instabilidade se acentuou um pouco mais no fim de 2014. Na virada de 2014 para 2015 houve a saída do ex-goleiro e ídolo Andoni Zubizarreta, então diretor esportivo. Num primeiro momento a contratação irregular de Neymar rendeu uma punição imposta pela FIFA ao Barcelona, que por sua vez deveria ter passado todo o ano de 2014 sem realizar contratações de atletas.
A diretoria culé através de seu departamento jurídico conseguiu obter um efeito suspensivo. Zubizarreta parece ter sido o “bode expiatório” de outra irregularidade constatada durante o ano passado, já sob gestão de Bartomeu. Em meados de 2014, o clube blaugrena foi novamente punido por irregularidades nos vínculos dos atletas menores de idade, pertencentes às suas canteras.
A nova sentença determinou que o clube ficasse todo este ano de 2015 sem contratar atletas nas janelas de transferências, punição esta que o time blaugrena está cumprindo. As razões da saída de Zubizarreta foram amalgamadas à sua política de contratações, tidas pela imprensa espanhola enquanto sem critério. Na última temporada, o time catalão não conseguiu vencer nenhum título expressivo.
Em campo, o mérito do treinador Luís Enrique tem sido a manutenção de uma barreira imaginária entre o setor administrativo e o setor futebolístico, impedindo que os problemas aflijam os vestiários.
Foto: AFP