Barcelona: Luís Enrique e o preço da imaturidade.

Há cerca quinze dias atrás afirmamos aqui no 90 Minutos que o técnico do Barcelona, Luís Enrique havia percebido rapidamente as deficiências defensivas da equipe catalã. Mais além enaltecemos o uso de Javier Mascherano no meio-campo, na partida da terceira rodada da fase de grupos da Champions League. Na ocasião, o Barça venceu o Ajax por 3×1 às vésperas de “el clásico” contra o Real Madrid.

Luís Enrique havia percebido 1) falta de proteção à cabeça de área e 2) a impossibilidade de ter Daniel Alves e Jordi Alba atuando simultaneamente pelos lados do campo. A segunda percepção decorre da derrota contra o PSG, pela segunda rodada da Champions League. Em relação ao segundo ponto, o zagueiro Mathieu foi deslocado para a esquerda em muitas situações recentes.

Contra o Real Madrid, Enrique recuou Mascherano novamente para o miolo de zaga e o time “culé” acabou desastrosamente derrotado por 3×1, em “el clásico” válido pela liga espanhola. Na rodada seguinte do mesmo torneio, no último sábado, o Barcelona foi vencido no Camp Nou pelo Celta, que venceu os catalães pelo placar mínimo. É a segunda derrota consecutiva dos blaugrena que despencaram para a quarta colocação da tabela de La Liga, agora liderada pelo Real Madrid.

O problema de Luís Enrique agora é a ausência de uma peça de reposição para o insubstituível Andres Iniesta, afastado por lesão após a derrota para o Real Madrid. Iniesta já esteve vetado contra o Celta, numa partida em que Mathieu também saiu lesionado e deve ficar três semanas fora. O Barcelona tem além da inconstância defensiva, a falta de alguém que alimente o setor ofensivo, este por sua vez configurado pelo trio Neymar/Messi/Suárez.

A estreia de Suárez já como titular em “el clásico” acentuou o desequilíbrio do Barcelona de Luís Enrique. A presença de um homem a mais configurando um trio ofensivo, deixa o meio-campo com um homem a menos, setor temporariamente privado da presença de Iniesta. Ainda assim, valendo-se única e exclusivamente do talento de seus homens de frente, o Barcelona criou 19 chances de gol contra o Celta.

Segundo dados do periódico espanhol El País, foram 14 chutes a gol seis de Messi, quatro de Suárez e quatro de Neymar. Dos 14 tiros, quatro bateram na trave. Ninguém desqualifica o talento do tridente ofensivo catalão, mas o desequilíbrio segue evidente. Contra o Celta, Enrique voltou a escalar Daniel Alves e Jordi Alba pelas laterais, com Rafinha como substituto de Iniesta. A derrota não é tão surpreendente assim.

Luís Enrique ainda é um jovem treinador. Ainda que seja melhor ambientado à Catalunha e ao futebol europeu do que seu antecessor Gerardo Martino, Enrique não é um “novo Guardiola”. Resta saber como ele montará o time catalão para o confronto contra o Ajax, pela quarta rodada da fase de grupos da Champions League, nesta quarta-feira.

Foto: Lluis Gene – AFP

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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