O Nationalelf de Löw: vencendo a Argentina

Na vitória por 1×0 contra a Argentina, pela final do Mundial 2014, a Alemanha mostrou ser o mesmo time que tomou sufoco no 2×2 contra Gâna, ainda na fase de grupos. E também o mesmo time que tinha dificuldade extrema em criar chances de gol contra Argélia, na partida das oitavas de final, também vencida na prorrogação. Joachim Löw teve problemas nos vestiários antes do aquecimento, com a confirmação da lesão de Sami Khedira.

A disposição tática do time de Löw é o 4-2-3-1 há muito tempo. Com a posse de bola o time pode se desenhar em 4-3-3. Porém esse time só funciona com a dupla Schweinsteiger/Khedira como os dois volantes a frente da linha de quatro defensores. O Nationalelf teve uma primeira fase instável porque ambos os meias chegaram abaixo das condições físicas ideais. Khedira se machucou em amistoso no fim de 2013 e esteve ameaçado de nem vir ao Brasil.

Na fase de grupos vimos Philipp Lahm deslocado para o meio em muitas ocasiões. A formação com Lahm na direita mais a dupla Schweinsteiger/Khedira só atuou plenamente contra a França, nas quartas de final. Ainda que Lahm tenha sido efetivo no meio-campo na última temporada pelo FC Bayern, o capitão precisa estar na lateral direita para a defesa alemã funcionar.

Pressão argentina.

Contra a Argentina, Löw parece ter percebido a necessidade de Lahm na lateral e preferiu atirar o jovem Kramer na “fogueira”, no lugar de Khedira. A insegurança do meia do Borussia Mönchengladbach contagiou todo o meio-campo alemão, dando vasão a um volume de jogo insano por parte dos argentinos. Isso por cerca de 38, 40 min de jogo na primeira etapa. O corte errado de Toni Kroos que culminou numa bola para Higuaín, desperdiçar uma das bolas de jogo, cara a cara com Neuer, foi mais que sintomático.

Kramer saiu após choque com marcador argentino. Talvez fosse mais interessante para o time albiceleste ter o jovem alemão assustado, pelo resto da partida. Löw foi ousado sacando Kramer para a entrada de Schürrle. A partir dali, o time passou a ter três atacantes de ofício em campo (Klose, Müller e Schürrle). Kroos recuou para a frente da linha de defesa preenchendo a lacuna de Kramer, ao lado de Schweinsteiger. O 4-2-3-1 seguiu estabelecido e a Alemanha passou a ter controle do meio-campo. Com a posse de bola era possível abrir o time em 4-3-3 com o trio Müller/Klose/Schürrle formando o tridente ofensivo.

No segundo tempo, Özil passou a atuar melhor só quando foi explorar as costas de Rojo. Pelo lado direito da defesa argentina, Zabaleta deu um baile em Özil, que conhece o alemão dos confrontos entre Manchester City e Arsenal, respectivamente, na Inglaterra. Klose não viu a cor da bola, pois seu antigo companheiro dos tempos de Bayern, Martin Demichelis sabia muito bem como marcá-lo. Demichelis aliás conhecia quase todo o ataque alemão. Mas a Argentina, sentiu o desgaste físico devido ao sprint da prorrogação contra a Holanda, pelas semifinais.

Faltou competência nas finalizações após 3 ou 4 chances claras de gol no primeiro tempo. Faltou um finalizador no elenco, um Carlitos Tevez, não convocado. Na primeira etapa, a Argentina funcionava bem com Lavezzi centralizado, Messi aberto pela direita levando Höewedes ao desespero. E Higuaín, se movimentando sem bola, deslocando os marcadores para abrir espaço tanto para Lavezzi, com quem se alternava dentro da área; quanto para Messi.

Lavezzi saiu após o intervalo, mesmo jogando bem para a entrada do titular Agüero. Lavezzi estava bem na partida e mesmo sendo um jogador de “meio tempo”, que cai de produção em 70, 80 min, deveria ter continuado em campo. Lavezzi estava jogando de forma muito similar com a que atua pelo PSG, em movimentação para que Ibrahimović e Cavani tenham espaços. Alejandro Sabella não parecia confiar tanto em Lavezzi.

No fim do segundo tempo da prorrogação, coube a Götze, que por sua vez, entrou no lugar do artilheiro Klose, anotar o gol do titulo. O atacante mais talentoso do elenco alemão, recebeu de Schürrle e finalizou sem chances para Romero. O gol do tetra-campeonato.

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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