Wembley alemã – ato II: Neue Regel

“I can hear the chimes
Ringing for you for me
I can see your eyes
Your hands joining with me
I can feel it’s time
It’s time for the world to hear
Neue Regel is here”
(Neue Regel – QUEENSRYCHE)

Na quarta-feira, ontem em Camp Nou não houve milagres. Na semana anterior o FC Bayern fez o que se esperava diante de um Barcelona com Messi sem totais condições físicas para disputar uma partida. O Bayern chamou a atenção do mundo ao impôr categóricos 4×0 em cima do melhor Barcelona de todos os tempos, em Munique.

Na partida de volta, valida pelas semifinais da Champions League, na Catalunha, Messi não foi escalado. E viu do banco de reservas a dificuldade que sua equipe enfrentou. A lesão física de Messi, na coxa direita foi apenas um indício do que estava acontecendo com o Barcelona.

Se você leitor voltar no tempo quatro anos, se recordará de um massacre catalão imposto sobre este Bayern dentro do Camp Nou, pelas quartas de final da CL. Era a temporada 2008/2009, em que os bávaros sucumbiram por 4×0 diante de um Barcelona que começava a deixar irradiar o fator Messi.

Foi aquela partida em que Eto’o ao comemorar um dos gols blaugrenas bateu continência sorridente para Thierry Henry. Mark Van Bommel, então ex-Barça e capitão bávaro, o primeiro não alemão da história do clube, era focalizado com o rosto incrédulo. Incapaz de fazer algo para mudar a situação.

Era um Bayern movido apenas a poderio financeiro, que já tinha Ribery, contava com Klose e Luca Toni, além da contratação equivocada chamada Breno. Naquela temporada o Barça acabaria campeão da CL em cima do Man. United tínhamos em campo Valdez, Daniel Alves, Puyol, Piqué, Xavi, Iniesta e Messi, só para citar alguns dos principais atlétas que já faziam parte do grupo. É mais do que natural que em algum momento, o condicionamento físico destes atletas alcançasse um limite.

As canteras catalãs não conseguem revelar atletas num número tão grande quanto o atual futebol alemão neste momento parece poder oferecer. O Bayern que venceu o Barcelona por mais 3×0 na partida de volta, tem jogadores atuando juntos não apenas em seu clube, mas também enquanto protagonistas do nationalelf.

Somado ao seu poderio administrativo/financeiro, o FC Bayern pode estar dando o primeiro passo de um período de glórias que pode perdurar por mais vindouras temporadas. E essa caminhada não começou ontem. No dia 25/05 o Bayern estará disputando sua segunda final de CL consecutiva, terceira em quatro temporadas. Os bávaros foram derrotados pela Inter de Mourinho na final de 2010 e pelo Chelsea na temporada passada.

O modelo catalão não está errado. Porém, se é difícil o Barcelona revelar nas canteras uma quantidade de atletas que possam repor com qualidade, mais ainda será revelar técnicos geniais com frequência. Como todos sabemos, Josep Guardiola já está contratado pelo próprio FC Bayern.

Este que vos escreve, discorda do editor deste site que há alguns posts atrás viu uma crise existencial no Barcelona. O problema não é psicológico e sim de esgotamento físico, que num dado momento iria acontecer.

Na próxima temporada Messi pode voltar fisicamente pleno. Com Messi inteiro e Tito Vilanova (que nunca será gênio) é um Barça que impõe 4×0 no Milan e com “meio” Messi, não perde para o PSG, em duas partidas. Por outro lado, gerenciar jogadores supervalorizados como Villa e Fábregas, para que fiquem na Catalunha, possa ser um problema para o Barça. Além de encontrar pelo menos dois sucessores nas canteras. Um para Puyol e outro para Xavi, cujas idades já se estendem em demasiado.

Eis a nova ordem.

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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