E então, Felipão?

O Brasil fez dois amistosos, empatou em 2×2 contra a Itália na última quinta feira e empatou em 1×1 contra a Russia nesta segunda. Já há respeitáveis jornalistas que não gostam do Dunga, comparando esta gestão Felipão a bons momentos da “era Dunga” pré Mundial de 2010.

Não, não faremos chover no molhado, dizendo que falta planejamento, que outras seleções fazem diferente e blablabla. Felipão fez o óbvio desde a convocação, cavou Fernando do Grêmio porto alegrense, volante de contenção tipico que desarma sem fazer muitas faltas e toca para o lado com eficiência.

O Grêmio de Felipão assim o era com Dinho, a seleção penta de Felipão assim o era com Gilberto Silva, o Palmeiras da primeira “era Felipão” assim o era com Galeano e a seleção portuguesa de Felipão assim o foi com Costinha. Há proteção a linha defensiva que provavelmente terá a frente do goleiro Julio Cesar o quarteto Daniel Alves/Thiago Silva/David Luiz/Marcelo.

Ao lado de Fernando, gravitam Luiz Gustavo do FC Bayern habituado a jogar pelo lado esquerdo, Paulinho ou Ramires para saída de jogo em velocidade e Hernanes para a necessidade de melhor qualidade na saída de bola. A seleção brasileira possui um sistema defensivo ou esboço dele. Mesmo com Kaká em campo, o que preocupa é o ataque demasiado ingênuo.

No primeiro tempo da partida contra a Russia foi nítida a chamada de Kaká direcionada a Neymar que recebeu sua bola e insistiu em driblar o marcador. Kaká passou em velocidade para receber e Neymar foi previsivelmente cercado por mais dois marcadores russos, perdendo a bola.

Uma formação com Ronaldinho Gaúcho, Kaká e Oscar precisa ser observada. A questão ofensiva não carece exatamente da suposta qualidade/talento creditada a Neymar e sim da tarimba e aptidão em enfrentar defensores europeus de alto nível. Lucas e Hulk parecem melhores adequados a proposta ou até mesmo Pato, que já atuou na Europa.

No primeiro gol brasileiro na partida contra a Itália, Neymar fez boa jogada em lance em que surgiu centralizado, culminando no passe para o gol de Fred. Foi um lance que talvez justifique 1% do que se alardeia em relação ao atacante do Santos. Porém atuando pelo lado esquerdo como de praxe, Neymar é improdutivo, passando longe até do que o enganador Robinho apresentava e apresentou na “era Dunga”, sobretudo na Copa América de 2007.

Não haverá um salvador da pátria como Romário ou Ronaldo “fenômeno”. Disso podemos ter certeza.

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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