Há muitos meses, Neymar ouve que é tão bom quanto Messi. já chegou a ouvir que é tão bom quanto Pelé. É decantado como sendo um jogador capaz de decidir um jogo sozinho e diversas vezes fez isso mesmo (embora contra adversários entre o ridículo e o medíocre). No confronto com Messi, viu o argentino chamar a responsabilidade e decidir enquanto ele mesmo não suportou a pressão. Para a sua carreira, a derrota e o fiasco, apesar de dura, foi a melhor coisa que podia acontecer. Amadurecer invariavelmente dói.
Neymar tem uma técnica que poucas vezes vi num jogador, mas ainda não é o craque definitivo que se descreve. Sua capacidade de mudar o rumo de uma partida é clara, mas num nível de futebol que não está à sua altura. Como disse o olheiro do Barça à Folha de São Paulo ontem, ele precisa ir para um grande clube da Europa para vir a ser um jogador completo. Lá, terá mais opositores com técnica similar à sua. Hoje, decidindo contra Linenses e Avaís, brinca de jogar futebol com crianças. Ele mesmo deve ter se chocado com a diferença que existe entre o que ele é e o que pensava ser, dado o seu semblante após a partida.
O santista teve uma fala interessante ao dizer que tinha muito o que aprender. Espero que seja verdade, porque de fato, tem mesmo. Seu amigo Robinho é um excelente exemplo de como um jovem ultrapromissor pode virar um jogador comum. Faltam a Neymar, duas coisas: a primeira é foco. Enquanto Messi vive para o futebol, o santista vive uma vida de superstar. O santista hoje lembra muito mais Cristiano Ronaldo, com seu ego doentiamente inflado, do que Messi. A segunda é uma compreensão coletiva do jogo, que é um dos pontos fortes de Messi. O argentino jamais tenta o drible se não for a melhor saída e nunca tenta trazer os holofotes para si. Neymar, como o português, ainda faz isso com frequência, exatamente porque seus oponentes são medíocres e ele comumente se dá bem.
Escrevi aqui na semana passada que Neymar tinha a sua primeira real chance de provar que é um jogador estelar. Certamente há quem esteja se preparando para atirar pedras, mas esse é o mau-caratismo típico do “ame ou odeie” brasileiro. O fracasso retumbante de Neymar na sua primeira chance de consagração não é absolutamente uma condenação. Com, 19 anos, ele terá muitas outras chances. Contudo, se quiser mesmo ascender à galeria dos gigantes, terá de escolher entre a vida de badalação (na qual ficará igualmente rico e famoso) ou a da dedicação cega ao esporte, como fizeram, além de Messi, craques como Bjorn Borg, Michael Jordan e afins. Entre Cristiano Ronaldo (excelente jogador) e Messi há um abismo. Para superá-lo, Neymar precisa fazer esta escolha. O preço é abrir mão de uma vida muito, mas muito mais cheia de prazeres terrenos. O prêmio é a eternidade.

Excelente texto, se interessar não deixe de ler o artigo que escrevi sobre o Neymar no qual pode contribuir com o debate. “Neymar: Incógnita até 2014”. http://futeboldebolso.com.br/neymar-incognita-ate-2014/ Obrigado e parabéns.
Pega leve…
😀
Sim, é o Enéas.
E também que ele pega a filha do chefe.
…mas um brasileiro só pode ser comparado com gênios! Esse Götze é alemão! Visivelmente não pode ser bom! 😀
Enéas? Tendo a concordar que o Pato está aburguesado. Aliás, não há sequer um jogador brasileiro de alto nível além do Daniel Alves que jogue com sangue nos olhos. Todos parecem satisfeitos com os contratos milionários que têm. Triste.
Colocando minha colher aqui sem ter sido convidado… O problema do Pato, creio eu, fora as inúmeras lesões, é ele mesmo! Ancelotti deixou explícito outro dia quando o entrevistava – agora Carletto é comentarista da SKY Itália – que Pato precisa fazer algo para dar vazão total ao seu potencial.
E ele tem razão. Pato precisa ouvir punk rock e tomar para ele, ao menos em campo, aquele sentido de urgência de bandas como Clash, Sex Pistols e Ramones.
A impressão que tenho – e não é de hoje – é que ele entra em campo pouco “pilhado”. Creio que ele acredita que por conta de seu talento, da capacidade dos companheiros, da grandeza do clube etc. o resultado vai vir naturalmente.
A alienação total, completa e absoluta dele em alguns jogos é algo que me causa espanto.
Meu pai já disse que ele é a reencarnacão do… Putz, esqueci o nome do cara! Foi o centroavante da Portuguesa na década de 1970.
Paulo, concordo e discordo. Também acho que o Neymar esteja mais perto do Robinho que do CR7, mas o fato é que ele tem tempo para limar a marra que ele já tem, além do fato de ser mais completo que o Robinho (que até hoje não sabe arrematar). O Pato não é estragado pelo estilo ou pela metrossexualidade, mas por um tornozelo de vidro. Se ele jogasse 50 jogos por ano, faria 25/30 gols. Na temporada passada, ele fez 16 mesmo sofrendo cinco lesões. Ótimo jogador (não um gênio), mas se machuca demais.
Nisso concordo contigo, o estilo de Messi é diferente do Neymar.
Não querendo ser antipachequista, acho que o Neymar está mais para Robinho do que para o CR7. Isso é preocupante, pois é nele que estamos depositando todas as fichas para a próxima copa do mundo e não temos nenhum grande jogador aparecendo por aí. Poderia ser o Pato, tem potencial, mas o futebol italiano acabou estragando ele, virou um jogador burocrático e metrosexual, um jogador italiano basicamente, pois saiu daqui muito cedo.
Paulo, discordo que ele não era poser. Na entrevista do Roy Keane que encerrou sua carreira no United, ele disse que não suportava entrar no vestiário e ver jogadores passando gel no cabelo (lembremos que o Beckham não estava mais lá :-). Sem dúvida, o Neymar ainda está muito longe do CR, mas tem talento para chegar lá e seu estilo, de sempre tentar decidir a jogada individualmente é quase antagônico em relação ao Messi, que definitivamente joga para o time. Hoje, eu diria que vejo o Neymar nessa “trilha” do CR7 (que, ressalto, é um jogador excepcional), mas para seguir a trilha de Messi, é preciso muito mais do que a técnica que eles têm. abraço
Cara, acho que vc tem alguma coisa o CR7. Tudo bem, a comparação é válida, mas existe um grande abismo entre o Neymar e ele.
O CR7 não era poser quando começou no Manchester Utd, ficou depois, acho que o número 7 dos red devils é feito de gliter e purpurina, que contagia quem joga com ela, e o cara nesta semana fez 3 gols. No Real Madrid sua média é de mais de um gol por jogo. Acredito que o Neymar não fará tanto.
Com 19 anos, Ronaldo, Romário e o Careca já eram maiores que ele. Apesar de não ter ganho a Libertadores, pois naquela época a torcida não dava muita bola, o negócio eram os Estaduais, no caso do Careca e do Romário, bem mais que do Gorducho.
O problema de Neymar é que as pessoas que gerenciam sua carreira o tratam como uma mina de ouro.
Acho que para ele, a derrota da maneira que aconteceu, será ótima.
Concordo com a maior parte da tua opinião. Neymar é tecnicamente muito acima da média do futebol brasileiro recente e precisa ser preservado de algumas coisas. Entre essas coisas está a desenfreada necessidade que parte da imprensa daqui tem de encontrar um novo supercraque brasileiro no futebol.
Se a comparação com Messi é despropositada, o argentino prova a cada ano que passa que é um gênio, existem outros parâmetros que julgo úteis e mais apropriados.
Compará-lo com Götze, um jogador “classe 92”, por exemplo, parece ser mais adequado. E no único encontro entre ambos até aqui Neymar foi completamente eclipsado. O santista já deveria ter percebido que precisa melhorar muito para chegar ao nível dos melhores jogadores da Europa.
Mas ele tem talento. Caso tenha um bom conselheiro pode chegar longe.