Vem como realmente uma bomba em termos de surpresa a notícia da saída de Leonardo da Internazionale. Não que Leonardo tivesse feito uma campanha exemplar – sua passagem pelo comando da Inter não deixa contribuição nenhuma. A decisão pode trazer alguma incerteza agora, mas tendo a temporada que vem em vista, é a primeira grande vitória da Inter.
A opção por Marcelo Bielsa vem com uma coisa raramente proposta na Inter: um projeto. Bielsa não vem para emular o sucesso de Mourinho, recompor o dano deixado por Benitez nem tentar se passar por um Leonardo argentino. O trabalho de “El Loco” em Appiano Gentile seria o de reconstruir o elenco (como sugerido por este blog há alguns meses). Bielsa obviamente montaria um time no seu clássico (e normalmente suicida) 3-3-1-3, mas além disso, teria a função de fazer um elenco jovem e cultivar promessas – inclusive na formação de seu possível sucessor, um interista ad hoc (segundo a Gazzetta Dello Sport, Esteban Cambiasso).
A opção por Bielsa não é a mais confortável nem a preferida de Massimo Morattoi, que na semana passada, colecionou frustrações (primeiro com as declarações “estou de saída” Sneijder e agora com o repentino caminho aberto por Leonardo). O presidente interista queria Mourinho ou Guardiola – ouviu não de ambos. Sem nenhum dos dois, as opções de primeiríssima classe se esgotaram e as alternativas eram mais arriscadas e ele preferiu ficar com Leonardo. 
Agora, de certa forma “traído” pelo ex-milanista, Moratti se viu na difícil posição de ter de buscar um nome fora do seleto círculo da nata europeia, dentre os quais se encontravam Luciano Spaletti, Walter Mazzarri e o ex-técnico do Chile. Os dois primeiros têm empenhos a cumprir (e significariam multas de rescisão, além de não convencerem Moratti). Bielsa, além de ter um ‘feeling’ com ícones interistas (Samuel, Zanetti e Cambiasso), é conhecido por montar projetos que perduram e poderia servir como atrativo para Alexis Sanchez, alvo-mor da campanha de reforços da Inter.
Se a Inter sai fortalecida da história – especialmente no médio prazo, o mesmo não se pode dizer de Leonardo. O brasileiro ganhou da metade vermelha de Milão a pecha de “Judas” (não inteiramente sem merecer, como já dissemos aqui) por ter trocado de lado; agora, não faltarão grunhidos da sponda nerazzurra, em particular do clube em si. Leonardo havia assumido um compromisso com o clube e aparentemente, resolveu mais uma vez trocar de lado segundo seus interesses tão somente. Depois dos insultos de Gattuso, Leonardo tinha deixado uma impressão de cavalheirismo. Se for mesmo para o PSG qatariano, dará razão a uma frase que o simplório Gattuso deu para comentar sua passagem para o rival: “Para alguns, o único que importa é o deus dinheiro”.
