Rodada italiana em vermelho e preto…e branco

O título italiano foi pintado de vermelho e preto pela Udinese no fim de semana. Udinese essa que confirmou-se como o melhor time do campeonato, no que diz respeito à preparação tática e compreensão do jogo. A partida gloriosa em Napoli sem Di Natale e Sanchez foi uma aula de Francesco Guidolin. Milan, Udinese e Lazio os grandes vencedores do fim de semana; Napoli, Inter e Roma, os perdedores.

Seguindo a ordem da tabela: sem Ibrahimovic, com Pato se machucando e sem Nesta na defesa, Allegri manteve a inversão do seu tridente de meio-campo recuando seu armador (Seedorf, mais uma vez o melhor em campo) e adiantando seu marcador mais agressivo, Boateng, igualmente excelente. Feito o primeiro gol, a Sampdoria estava liquidada. O jogo foi feito fácil pelo Milan, porque partidas vencidas assim é que complicam títulos. A Samp adquiriu um olor de rebaixamento. Mantenho o que disse na semana passada: é um elenco muito bom. Nomes como Palombo, Poli e Ziegler há seis meses eram elogiadíssimos. Dizer que trata-se de pernas de pau é fazer jornalismo de boteco. O problema da Samp é de ambiente e isso ficará claro quando acabar o campeonato.

Em Napoli, um show da Udinese, que deixou o estádio marcado de preto e branco (com direito à vingança de dois “refugos” do Napoli, Domizzi e Denis). Sem sua dupla de ataque, Guidolin colocou um centroavante para jogar de costas para o trio de zagueiros e plantou um externo (ou “cursore di fascia”, como chamava Gianni Brera e, sim, palmeirense, Armero, o mesmo que você xingou como um cão por meses) pela esquerda. Inler destruiu Hamsik, Pazienza e Yebda e Asamoah foi o ‘Boateng friulano’. No duelo entre Mazzarri e Guidolin, o primeiro foi devastado. A Udinese é o time que mais mereceria uma vaga na Liga dos Campeões. Para o ano que vem, precisa manter Inler e Sanchez para continuar a evolução. Mas é duro. Os dois devem ser caçados no mercado.

E em Parma, a Inter finalmente pregou o último prego em seu caixão. Leonardo baseou a reação do time em dois pontos: instalação de uma tração anterior (o jogo passou a orbitar em torno de Sneijder na intermediária ofensiva) e aumento dos treinos táticos em detrimento dos físicos (para possibilitar um crescimento na velocidade do jogo). Deu certo, mas o preço viria mais cedo ou mais tarde. Leonardo esperava que ele viesse perto da 38a. rodada, mas ele veio antes. Esse preço é a falta de resistência física (o time morre após meia hora de jogo) e uma sistemática exposição dos zagueiros e laterais ao ataque no mano a mano com o atacante. Uma combinação mortal. Se a rival na Copa Itália não fosse a Roma (outra que está destroçada fisica e taticamente), a Inter já estaria derrotada. Leonardo tem uma chance de se redimir: esquecer o campeonato e reforçar sua parte física para tentar chegar a uma possível final com algum fôlego (e, claro, torcer para a Roma continuar em seu desatino momentâneo). Se fizer isso e der sorte, pode até ser que pegue um Milan já campeão italiano na final e conquiste um título com impacto emocional. Se tentar manter as duas frentes, pode até por em risco a classificação direta para a LC.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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