O video dos santistas

Ontem, no meio de uma tarde corridíssima, um amigo me alertou para o “video dos santistas”, onde alguns jogadores do Santos faziam ofensas a internautas que os desafiavam e outras palahaçadas mais. Imediatamente, pensei em tecer um comentário. Desisti por conta da agenda apertada. mais tarde, em casa, abri mão de acompanhar as mesas redondas que comentariam o fato também por conta da agenda. Mas a ocasião pede um comentário.

A postura dos atletas santistas é digna de dó. desde a arrogância ignorante que perpassa as imagens do vídeo até o gestual e vocabulário dos protagonistas. Nenhum daqueles meninos têm maturidade ou cérebro para conquistar algo na carreira que vá além de um pouco de dinheiro em contratos com trouxas no Oriente Médio ou na Ásia. Para eles, é isso mesmo que importa. O que mais pode contar para um cidadão com a capacidade intelectual do goleiro Felipe? Ou com a responsabilidade nata de uma pessoa que tatua no próprio corpo “Madson O Foda”?

Os leitores desse blog e que acompanham meu trabalho sabem que eu estou bem longe de ser um admirador de Robinho, mas o atacante do Manchester City é uma divindade cósmica perto do que significam todos os que estavam no recinto do “video dos santistas”. Futebolisticamente, aquele quarto de hotel era o equivalente a um quarto com vácuo. No que tange os seres humanos, menos ainda (mesmo concordando com a famosa frase do personagem do seriado “Star Trek”, Spock, que argumentava que “não era nenhum elogio chamar alguém de humano”).

Zé Eduardo, Madson, Felipe e quaisquer outros desconhecidos que estivessem naquele quarto deveriam saber de coisas básicas como que ganhar um Paulista e ficar deitado em casa num sofá têm o mesmo peso e que se o salário deles é mais alto do que o da maioria dos seus torcedores – que eles visivelmente acham que são lixo – é por um acidente, uma anomalia da sociedade. Traficantes, políticos corruptos e herdeiros preguiçosos de impérios também têm receitas grandes e igualmente merecem zero de respeito.

O Santos faria muito bem em rescindir o contrato dos três. Claro, algum Andrés Sanchez apareceria para contratá-los posando de “ixperrto”. Mesmo assim, a diretoria faria bem, ainda que houvesse a sensação de “Prejuízo” imediato. O prejuízo já houve – e foi para a imagem do Santos. O clube é uma instituição feita pela comunidade e pela sociedade de Santos e precisa sinalizar qual é o caminho da decência e qual o caminho do mau-caratismo. Passar a mão na cabeça de três pessoas desse gabarito com um puxãozinho de orelha é o mesmo que endossar a burrice deles. Pior: é a de indicar à sociedade que é possível comportar-se como um marginal e se sair bem na vida.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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