Como Robinho muda o desenho do ataque do Milan

No time titular, a chegada de Robinho não altera o desenho no Milan. Pato-Ibra-Gaúcho é um trio que dificilmente não terá os jogos importantes a seu favor. No elenco, sim, o brasileiro tem um papel fundamental no redesenho. E para ganhar seu posto, deverá lutar muito – muito mais do que lutou até aqui em sua carreira.

Até semana passada, o Milan funcionava com Borriello e Huntelaar lutando pela vaga de centroavante com Pato, Oduamadi e Ronaldinho como alternativas externas. Sem Ronaldinho, a preferência era por um meio-campista a mais e com Seedorf pelo meio. Como Borriello e Huntelaar deixam o clube, Ibrahimovic será o atacante principal mas em sua ausência, é Pato que assume o espaço de terminal de ataque. Robinho, nesse caso, entraria pela direita. Oduamadi é – como deveria ser – o quinto atacante.

Ronaldinho é intocável pela preferência de Berlusconi. Uma vez que sua negociação de contrato está em jogo, dependerá dele continuar nesse ‘status’ de primeira escolha. Ibrahimovic também. Pato, idem. Robinho é uma alternativa de luxo que tem cheiro de moeda de troca numa possível contratação de Ganso (jogador que realmente agrada o Milan – mais que Neymar).

O uso dos quatro em campo é inviável tecnicamente, porque obriga a escolha de um volante mais Pirlo. Como o italiano joga mais recuado, no papel de regista (jogador de armação que atua normalmente logo depois da defesa), na prática o time ficaria com somente um marcador, algo difícil de gerenciar defensivamente. Se fosse para vender Pirlo, o clube já o teria feito com o Barcelona, que se interessa nele desde sempre. Logo, seria uma surpresa se Allegri mudasse do 4-3-3 para um 4-2-3-1. Três no meio-campo – Boateng, Flamini e Pirlo, por exemplo – são muito mais indicados para o jogo fluido que o técnico quer.

Não é segredo das reservas que tenho a Robinho, mas no preço que o Milan pagou, dependendo dele, seu futebol pode ser útil. Para isso, ele precisa amadurecer e a Itália amadurece jogadores (vide Maradona, por exemplo). É também sua última chance num clube grande para provar que seu imenso talento pode virar algo além de pedaladas em cima de um lateral da Catanduvense. Agora resta esperar para saber se ele quer sair de sua síndrome de Peter Pan e virar um jogador de verdade.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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