Inglaterra x EUA

Fiquei chateado com a saída inglesa na Copa do Mundo. Acho que o time é melhor do que mostrou na estreia e só quem morou no país sabe o que Green passará pelo frango vexatório que levou. Para os Estados Unidos, foi quase uma garantia de passar de fase, numa partida muito boa.

A falta de Barry no meio-campo tira o balanço da equipe. Lampard e Gerrard não podem formar o miolo de meio-campo num 4-4-2. Sven Goran Eriksson já sabia disso e Capello certamente o sabe. Por isso a escalação de Heskey é fundamental.

Heskey nasceu centroavante, mas normalmente é utilizado como quarto homem de meio-campo, na verdade um atacante agregado que parte de trás para chegar no ataque. Quando assumiu a seleção inglesa, ainda observando o time, perguntou para seu assistente, o técnico Peter Taylor (que antecedeu Steve McClaren no cargo). “Heskey pode jogar na esquerda do meio-campo?”. Taylor disse que sim.

Aparentemente se tratava de uma bobagem (este colunista pensava isso também). Mas não é. Heskey é importante para essa Inglaterra sem holding midfielder (que é o papel de Gareth Barry) porque dá um combate que falta em Gerrard e Lampard juntos. Por isso, com Heskey, a Inglaterra jogou praticamente num 4-4-2 que virava 4-3-3, dada essa tendência. Mas com Barry, é um outro time. Capello ganha dois armadores soltos (Gerrard e Lampard) e dois externos (Milner e Lennon) que fazem um 4-3-3 clássico.

O resultado é ruim para a Inglaterra porque a pressão sobre os Three Lions é grande demais. O próximo jogo vira final. Sem Barry, é difícil imaginar uma Inglaterra competitiva. Os Estados Unidos (para não dizer que não falei de flores), ainda me parecem incipentes, uma equipe de jogadores razoáveis e pouco além de determinação tática e uma herança de disciplina de equipe herdada da cultura esportiva deles.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.

2 Comments

  1. Honestamente, para mim as duas seleções atuaram dentro do que eu esperava. A Inglaterra tem jogadores excelentes, mas esse mesmo grupo de jogadores ainda não justificou o alarde das imprensas local (inglesa) e mundial quanto ao que esta equipe pode fazer. Faz tempo que se espera mais do que produzem. Sob Capello estão produzindo melhor, mas ainda abaixo do que se supõe que podem.

    Quanto ao time norte-americano, esperaram ansiosamente por este jogo desde dezembro e o empate repercutiu positivamente na mídia daqui. A exemplo de mais da metade das seleções dessa Copa, dependem de determinação tática para almejarem algo. Na Copa anterior, a determinação tática foi a mesma, mas as falhas foram muito além da única de ontem que lhes custou o gol de Gerrard.

    Se as falhas continuarem minimizadas, Howard continuar lembrando Friedel em 2002, e se os irregulares Altidore e Donovan tiverem um lampejo ou outro, podem alcançar seu objetivo de quartas-de-final. Chances estas que, aliás, para mim são melhores do que as da Inglaterra materializar seu status de protagonista ao título, principalmente se Rooney jogar o que não jogou ontem.

    Concordo com o Cassiano que Heskey melhora as performances articuladoras de Gerrard e Lampard, principalmente do primeiro. Mas isso ocorreu apenas de maneira esparça ontem. Quanto a Rooney, achei que foi melhor marcado do que se esperava por uma zaga que contava com Onievu voltando de grave contusão.

    Last but not least, na minha opinião, mesmo que a Inglaterra produza mais do que ontem, a defesa é seu calcanhar de Aquiles. Ferdinand fora, King “meia-boca” fisicamente, indecisão sob a titularidade sob as traves… O triângulo dupla de zaga-goleiro que atuou ontem o fez junto pela primeira vez e não se repetirá na próxima partida. Mais do que encaixar “do meio pra frente”, acertar a defesa pode ser a chave para o English Team voltar ao rumo. Mas será que dá para acertar em questão de dias?

  2. A Inglaterra tem um time bem forte, mas ontem vários erros contribuiram para uma má performance.

    Wright-Phillips na esquerda matou a Inglaterra, que só ficou com o lado direito.

    Se o problema era o ‘holding midfielder’ que colocasse o Carrick no centro e liberasse o Gerrard e o Lampard. Aliás, Lampard rende mais quando joga como meia atacante, chegando de trás para armar o jogo e finalizar. Assim como ele não joga bem ao lado do Gerrard, não jogou bem por um bom tempo ao lado do Ballack.

    Eu consigo ver a Inglaterra até chegando a final, mas com Gerrard, Lampard e Rooney jogando bem, é claro.

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