Brasil x Coreia do Norte

Ontem, antes de ir ver o jogo, comentei com uma colega que me perguntava um palpite para Brasil x Coreia do Norte. “Se o Brasil vencer por um gol pode chorar”. Tomara que ela tenha feito isso. O jogo do Brasil merecia pouca coisa além de lágrimas.

Dunga foi decantado pelas vitórias nos jogos contra adversários fortes. O Brasil joga melhor contra esses times, mas em parte, porque os próprios jogadores se motivam mais e respeitam o rival no bom sentido. Na Copa, em tese, se Dunga vencer os adversários difíceis, seremos campeões. Mas nem que isso aconteça, ele terá provado que é um bom técnico.

O neotreinador não sabe preparar a partida. Num jogo sabidamente contra um adversário fechado, o Brasil precisaria de elementos que impusessem velocidade a bola, evitassem de prendê-la e de mobilidade na frente, já que dois zagueiros e um volante dariam conta de um meia e um atacante que pudessem se aventurar na frente. Dunga fez exatamente o oposto. Um meio-campo pesado, com três volantes (nenhum deles veloz), um armador visivelmente fora de forma (Kaká), um jogador de circo (Robinho) e um Luis Fabiano que está transtornado por não conseguir fazer um gol há seis jogos.

Com um volante só mais Ramires e Daniel Alves, Dunga poderia ter poupado Kaká da partida lamentável que fez e sair com Nilmar e Robinho apoiando Luis Fabiano. Poderia fazer pouco além disso e a culpa é só de sua obsessão com a “dívida” de amizade. No banco, Josué, Kleberson, Julio Baptista e Gilberto adicionam zero tecnicamente ao time. Outras convocações são discutíveis mas essas são um erro crasso, um risco que ele assumiu por conta de sua obsessão. O 4-3-3 sugerido está longe de ser escancarado diante de um time tão ruim quanto o nortecoreano. Seria fazer o óbvio, como fez o Chile hoje: diante de um adversário fraco, agredir desde o começo.

Particularmente irritante foi ver Robinho jogar. O atacante do Manchester City tem talento para fazer o que quiser mas joga para si e para a TV. Depois do jogo, sua pedalada inócua no começo do jogo ainda era apontada por muitos manés como um “símbolo” de como o Brasil deveria jogar, quando curiosamente, seu ex-colega Elano, um dos jogadores mais pobres tecnicamente desta seleção, teve eficiência muito maior ao fazer uma assistência e um gol.

Contra a Costa do Marfim, Dunga pode se coçar. A marcação será no campo do Brasil e os marfinenses têm um jogo que pode ser temível, especialmente se Drogba jogar com condição mínima. Se mantiver o trio de volantes perdidos no meio e um Robinho amestrado na esquerda, correremos sérios riscos, tanto de um resultado indesejado quanto de uma morte por modorra intensa.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.

6 Comments

  1. Caro, além do passe para o Elano, ele foi mais fácil de marcar do que o Júlio César. Na minha opinião, alguém com a habilidade dele não tem direito de jogar para as câmeras. abs

  2. Anne, obrigado pela sua visita, mas por favor, mantenha essas faltas de educação para si. Eu respeito qualquer opinião, incluindo as que divirjam das minhas com muita convicção, mas nem eu nem nenhum leitor precisa suportar um comportamento de tiete histérica dando chilique. abs

  3. Ridículo comentário sobre sobre Robinho… Robinho foi o mais ativo, saindo da área para buscar jogo e mostrando que estava ligado… Jogar bonito agora e ser jogador de circo é??

  4. Discordo da observação sobre o Robinho. Também tenho restrições a ele, mas foi o único em campo que tentou alternativas. Se movimentou, variou o lado de jogo, se apresentou sempre para receber e tabelar.

  5. O Robinho é capaz de dar aquele passe pro elano,porém quandoo fica de circo (90% do tempo) é um peso morto, ver ele é realmente irritante

  6. até acho o Elano um jogador útil, pra banco é claro, mas de resto concordo totalmente, o esquema foi muito defensivo pra um jogo desses.

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