Adriano não vale quanto pesa

O atacante Adriano recebeu uma proposta de €2.5 milhões anuais da Roma. Uma bobagem romanista. O atual Adriano não vale isso. Se tanto, vale a metade. Certamente há quem defenda que ele em forma joga o equivalente a jogadores que ganham o que ele pretende – €4milhões anuais – mas é aí que está o problema. Não há garantias que ele um dia volte a jogar.

Adriano pretende da Roma um salário que é o teto do Milan (exceção feita a Ronaldinho, que ganha o dobro), mas sua pretensão é patética. Adriano fez um Brasileiro muito bom, mas o nível do futebol aqui não se compara com o de lá. Além disso, já se vão seis meses desde o fim do Brasileiro e de lá para cá, Adriano não treinou em quase vinte sessões de treinos do Flamengo, fez um Carioca medíocre e uma Libertadores quase assim. Não bastasse, teve sumiços, brigas com namoradas em festas de traficantes e exibe um peso de boxeador peso pesado.

O descaso de Adriano com o Flamengo foi premeditado. É a mesma coisa que ele fez com a Inter de Milão, situação na qual ele “fingiu” um fim de carreira para se liberar de um contrato e deu o balão na Inter, que não pediria menos de €15 milhões pela sua liberação. A Inter não sentiu a mínima falta. Adriano, pelo contrário, trocou uma tríplice coroa que lhe garantiria um salário pelo menos duas vezes maior do que ele pretende pelas festas e a boemia que garantiram sua passagem pelo Flamengo, além da vaga na Copa do Mundo. Milito não tem o talento de Adriano quando os dois estão a 100%, mas o argentino está 100% em 100% do tempo, enquanto Adriano não joga o que pode há pelo menos três anos.

Não sei até onde o empresário dele, Gilmar Rinaldi, influencia, mas o ponto é que sob sua batuta, Adriano virou um fantasma. Entre os outros jogadores de Gilmar, só Fabio Simplício (deve sair do Palermo, mas em alta) e André Dias (bem na Lazio) têm carreiras promissoras. Não é possível culpar Gilmar por todos os males de seus assistidos, claro, mas o percentual de “queima” de seus jogadores está preocupantemente alto e talvez fosse o caso de rever algumas políticas, como procurar clubes com melhores perspectivas, mesmo que com valores menores.

Adriano é, hoje, um péssimo investimento. Não é o único no mundo, claro. Contratar Mutu (craque da Fiorentina, mas usuário de cocaína), Ibrahimovic (Barcelona) e outros batem no risco de caráteres fracos, personalidades atormentadas que podem naufragara qualquer momento, levando o grupo consigo. Adriano não vale €2.5 milhões anuais hoje. Na verdade, como está, vale zero. Ele precisa de ajuda profissional para rearranjar a carreira e para se equilibrar psicologicamente. Como disse José Mourinho, quando ele, Adriano, fez um circo para sair da Inter “e encerrar a carreira”, “o importante é salvar o homem”. Adriano precisa de mais do que um bom contrato. Precisa de uma ajuda que nenhum dos parasitas que bebem com ele na balada poderão dar.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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