Petkovic, o peso do Flamengo

Reta final do Brasileiro 2009. São Paulo, Palmeiras, Atlético-MG, Cruzeiro e Internacional cochilavam con freqüência no campeonato nacional passado, o “Brasileirão do Sono” e o Flamengo, capitaneado por um Adriano que é um touro e por um Petkovic que, misteriosamente joga sem nenhuma marcação contra todos os adversários, chega ao título. O sérvio é guindado á condição de melhor jogador do Brasil. Seus adoradores enchem sua bola e vociferam contra aqueles que não “enxergaram” seu talento.
Pré-temporada do Brasileiro 2010 (também conhecida como “Campenato Estadual”). Petkovic, de volta à sua condição de estrela, desfralda sua arrogância e comprotamento de prima-donna que marcou toda a sua carreira, intercalada por hiatos de futebol vistoso, cobranças de falta milimétricas e lançamentos de 50 metros comuns na década de 70, que escassearam graças à diminuição do espaço em campo. Pet se vê na brlinda no Fla e por pouco não leva um cacete do “sensato” goleiro Bruno, aquele que acha que bater em mulher é “normal”.

A condição atual do sérvio é aquela que marcou sua carreira. Ele é um jogador de técnica extraordinária, mas é lento, não tem a menor vontade de marcar e corre o mínimo em campo. Petkovic seduz quando não é vigiado pela marcação típica do futebol moderno. Não consigo explicar a razão porque os pretendentes ao título do Brasileiro 2009 foram tão lenientes com ele, deixando-o livre nos confrontos diretos. Qualquer marcador bem fisicamente e com algum talento consegue parar Petkovic pela sua pouca mobilidade. Ele com a bola no pé e com tempo para pensar, é um perigo se estiver nas imediações da área adversária. Sem uma das condições acima, ele é um jogador medíocre e impedir o fechamento da equação não é difícil.

Há quem o ache um craque. Não desrespeito essas opiniões. O que seus admiradores não explicam, contudo, é a razão pela qual ele passou por 14 clubes em sua carreira conseguindo destaque somente em dois – Vitória e Flamengo – e brilhando apenas em torneios estaduais, exceção feita ao “Brasileirão do Sono”. Petkovic ganhou prêmios como as Bolas de Prata da Placar, é verdade, mas recordo que “craques”, como o atacante Acosta (Náutico e Corinthians), o zagueiro Fabão (São Paulo e Flamengo) e o atacante Fábio Júnior (Cruzeiro) já foram agraciados com o troféu.

A dificuldade de renovação do contrato de Petkovic é uma oportunidade para o Flamengo. O sérvio é um elemento sabidamente desagregador no grupo, recuperou sua condição de estrela na Gávea (mesmo tendo jogado bem por tão pouco tempo) e obriga o Flamengo a sacrifícios hercúleos do grupo, já que é um jogador nulo na marcação. O campeão brasileiro, que tem uma presidente com o caráter à altura de sua história de glórias, pode se livrar de um peso sem custos. E Pet pode ir enganar em outra pradaria. Claro, até o Carioca 2011, quando depois de um golaço de falta contra o Resende, o sérvio voltará às capas de jornais.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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