Flumicy

Toda a competência que eu acho que Muricy Ramalho tem para treinar times, eu acho que ele não tem para escolher os mesmos. Mais uma vez, acho que ele errou na decisão. O Fluminense não é um clube com a solidez administrativa que ele precisa para trabalhar. É um caldeirão de interesses, não tem um CT adequado e mesmo dispondo de um ótimo elenco, sempre se mina na hora do vamos ver.

Estabilidade administrativa é algo que se consegue quando se consegue isolar os conselheiros metidos longe do futebol. Clubes que conseguem fazer isso, como Cruzeiro, Internacional e São Paulo, se beneficiam ao poder investir em técnicos que farão trabalhos mais longos. Não por acaso, Muricy foi bem em dois deles. No Flu, creio que não irá. O clube é turbulento numa luta pelo poder e não usou os vastos fundos do patrocinador para se modernizar. Vive de uma glória aristocrática que já vai longe. É nessa lama que Muricy deve parar.

Se o Flu deixá-lo trabalhar, ele pode recolocar o Fluminense entre os protagonistas. O clube tem dinheiro, torcida e divisão d ebase – tudo o que se precisa para um bom futebol. O principal problema é a distância do alambrado entre as sociais e o campo. Trabalhar nas Laranjeiras não é simples. O desafio tem um grande alento: sucesso no Rio de Janeiro colocará o técnico mais perto da Seleção, mesmo com a atual rusga Flu-CBF.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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