Não resta dúvidas que a temporada falimentar da Juventus ajudou o brasileiro Amauri a se enterrar. Amauri, cujo custo foi de €23 milhões, está sem mercado e as chances de sua convocação na seleção italiana desapareceram. Mas as causas vão bem além do campo.
A derrocada de Amauri começou quando ele cometeu um erro primário na Itália – o de achar que podia se virar sozinho. Amauri, que era agenciado pelo empresário Vittorio Grimaldi, responsável por sua ascensão do Napoli à Juve, via Chievo, Piacenza e Palermo, decidiu que cuidaria de suas coisas sozinho. E se deu mal. Os contatos de Grimaldi asseguraram sua contratação e suas esperanças de seleção – claro, a um custo fiduciário alto. Amaurio não quis pagar e deu mal.
Marcello Lippi é cercado de rumores por convocações movidas por contatos alheios. A acusação estava bem no meio do caso de ‘Calciopoli’, quando seu filho, Davide Lippi, era sócio do filho de Luciano Moggi na GEA. O “boato” era o seguinte: para ser convocado na Itália, tinha de ser agenciado por Lippi filho. Para jogar na Juve, pela GEA. E para atuar na Itália, era preciso da bênção de Moggi.
Amauri incorreu num erro que, de outras maneiras, também foi o erro de Luiz Felipe Scoalri no Chelsea. Felipão e seu staff acharam que poderiam passar sem um tradutor. Além disso, Scolari foi pessimamente assessorado no trato com a imprensa inglesa. Aqui, nenhuma crítica à sua assessoria de imprensa para o Brasil, feita por Acaz Felleger. Felleger sempre deu conta do recado com Scolari, mas não é páreo para os tabloides – e no Brasil, ninguém é. Scolari poderia ter durado mais se tivesse aconselhamento de publicistas ultraprofissionais como Max Clifford ou o SFX Sports Group, hoje da Wasserman Media.
A “aculturação” poderia ter dado a Scolari indicativos de porque não deveria fazer isto ou aquilo, tanto no trato com atletas como no manuseio da imprensa. Hoje, o futebol é entretenimento e vai muito além da assessoria de imprensa em mercados maduros. Não, o Brasil não o é.
Feita a digressão, o problema de Amauri é técnico, sim, mas também é político. Na Itália, não se existe sem empresário, a menos que se seja um ícone como Kaká ou Totti. Ele é um atacante ideal para um grande time, mas dificilmente para a Juve – problema que tembém enfrenta Diego. Creio que ele deve aportar num outro clube em julho.