Comentando a seleção: Vargas

Na minha seleção de hoje na Europa – cuja premissa era: quem eu contrataria se  fosse milionário e comprasse um time de futebol – decidi alterar o lateral-esquerdo. Eu tinha pensado em alterar também o zagueiro – contrataria Douglas, do Twente, em vez de Mèxès, mas o francês ainda parece um grande negócio. Na lateral, no entanto, acho que o peruano [wikipedia] Juan Manuel Vargas [/wikipedia]é o que prefiro.

Muita gente questiona Vargas pela irregularidade da fiorentina. Depois de dua sboas temporadas no Catania, Vargas desembarcouem Florença num momento em que o time toscano comprava adoidado. Ele paga muito mais pelo fato da Fiorentina ter uma ânsia de evolução imediata do que pelo seu futebol. No Artemio Franchi, ele joga com um 4-2-3-1 frágil pelo uso de um meia e um volante no meio praticamente quatro atacantes. Vargas precisaria de mais um interditor no meio. De Silvestri, na lateral oposta, é um defensor de qualidade, mas o time fica muito exposto porque Vargas tem vocação ofensiva.

No Nottingham Forest bicampeão europeu de Brian Clough, um jogador de faixa esquerda – John Robertson – era o iniciador das jogadas ofensivas. O time aguardava a sua visão para se mover rumo ao ataque. Ele começara no meio-campo, mas passoua  ocupar o que no futebol moderno seria a posição de Ronaldinho ou Ribèry. Vejo Vargas como o cara com qualidade de fazer essa mexida: além de ir à linha de fundo, tem grande inteligência e bom passe. Na Fiorentina ele está limitado: precisa defender num time que não defende – justamente uma função na qual não é excelente.

Qual seria a saída? Um exemplo, na própria Fiorentina. Juntamente a Montolivo, Prandelli devria, ao meu ver, escalar mais dois caras de mais consistência no meio-campo. Não sei quem poderia fazer essa função no elenco atual. os mais próximos seriam Gobbi e Donadel, mas num mundo ideal, a Fiore venderia alguns meia-bocas (tipo Santana) e buscaria Flamini e Hernanes, digamos – mas este último jogando de volante, sua posição ideal. Vargas ganharia a liberdade que Antonini tem no Milan de Leonardo e no ataque, ao invés de dois pontas abertos, poderia jogar com Jovetic atrás de dois atacantes. Felipe comporia a defesa pela esquerda e Vargas seria um pêndulo entre ataque e defesa.

Tenho certeza que daria certo. Aliás, Rafa Benítez, Manuel Pellegrini, Leonardo e mais uma meia dúzia de técnicos, também tem. Vargas é, com Jovetic, o jogador mais solicitado da Fiorentina hoje. Sua passagem para um grande time – se ele não for um cabeça gorda – o colocará na elite do futebol. Num time com Daniel Alves, Vargas daria um empuxo à defesa que proporcionaria um jogo muito moderno, cheio de pressing e com praticamente dois meias jogando atrás. Uma coisa curiosa: até 2006, Vargas estava no Colón, ao alcance de um clube brasileiro. Por que esse cara não passou por aqui? Não se sabe. Ou melhor: se sabe: os dirigentes conhecem tanto futebol internacional quanto um rato-toupeira em coma.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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