Para um título, o óbvio

Não tem como, num torneio de pontos corridos, contestar o campeão (claro,exceto em casos como do escândalo do futebol italiano, mas não há indícios disso neste Brasileirão). O Flamengo não tem um grande time, mas tropeçou menos que os rivais (que também não têm, diga-se. E assim,sagrou-se campeão com méritos e com um espetáculo da torcida que deve servir de exemplo para as outras e de estímulo para a Justiça para encarcerar a meia dúzia de vagabundos de organizadas que vivem de brigar nos estádios.

Ao Flamengo não ser um grande time, esclareça-se: não é demérito nenhum. Não é um grande time porque não é o Flamengo de Zico, o São Paulo de Telê ou o Inter de Falcão. Mas o São Paulo das três últimas temporadas também não era e teve tanto mérito quanto.

A nota negativa do Brasileiro não é culpa nem do Flamengo nem de nenhum clube. A sombra de incerteza que pairou sobre as decisões arbitrais se deve à aura negra e malcheirosa que circunda a CBF, o STJD e as outras instituições comandadas pela cúpula do futebol brasileiro. Mesmo quando não há indícios, há suspeitas, porque não dá para confiar no caráter de certas pessoas. Toda a discussão em torno do título do Flamengo veio daí: Símons, Zveiters, efeitos suspensivos, magistrados risíveis, tudo. E infelizmente jamais deixará de vir – até alguém arrancar Ricardo Teixeira da CBF.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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