O Milan de Leonardo, até agora

Imaginando que Kaká não faz mais parte do Milan (até agora, segunda de manhã, não tinha sido anunciada a venda), e sem as contratações que devem chegar ao clube com a saída do brasileiro, o neotécnico Leonardo terá que montar um time “berlusconiano”: tração dianteira, laterais no apoio e controle de bola. Tem gente para fazer isso no atual elenco? Tem, contando que Nesta possa jogar. O time é bom? É razoável (para os padrões de quem quer ganhar Liga dos Campeões e ‘scudetto’), com duas carências – não tem centroavante nem goleiro. Fosse Inzaghi 5 anos mais novo e a carência na frente não existiria. Abbiati é razoável, mas nada além disso. Um 5,75.

Uma linha de quatro muito técnica na defesa: Flamini, adaptado à função de lateral-direito (já jogou várias vezes assim no Arsenal), seria o quinto homem de meio-campo com a bola no pé. Na verdade, o sexto, porque Zambrotta também apóia bastante. Crucial é a inserção de Thiago Silva: o brasileiro tem o vigor necessário para suprir a deficiência física de Nesta. Se Thiago não der conta ou Nesta não jogar, um abraço. Kaladze, Bonera e Favalli não têm condição de serem titulares.

O meio-campo ainda é bom, com Pirlo-Seedorf capazes de ditar o ritmo o jogo e com Ronaldinho com toda a liberdade necessária. na verdade, o brasileiro passa a atuar como um “flutuador” entre meio e ataque, podendo vir para o meio ou buscar as laterais. Mas ele precisa de qualquer maneira de uma referência no centro da área para que o zagueiro não possa sair na sua captura sem se preocupar. Pato recompõe o equilíbrio na direita, com mais velocidade que Ronaldo e olhando mais para o gol, enquanto o “Dentone” (como se referem a ele na Itália) ocupa uma posição mais criativa.

O problema de Leonardo está na eventualidade de contusões. Entre os titulares acima, todos tiveram algum tipo de lesão. Se isso acontece, o MIlan não tem substitutos. Ambrosini no lugar de Gattuso ( ou até de Pirlo, no caso de se passar para um 4-3-1-2 com Ronaldinho último homem de meio-campo) é a única alternativa válida. Flamini no meio-campo seria uma possibilidade caso Felipe Mattioni se inserisse mais rápido que o imaginado, assim como Alberto Paloschi, um promissor herdeiro de Pippo Inzaghi. Mas aí já é o campo da aposta. E no gol, com Dida e Kalac na reserva, nem a fé pode salvar…

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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