Caminhos perigosos

Quando Michel Platini, presidente da Uefa, pede por transparência e equilíbrio no mercado de transferências e na propriedade dos clubes, ele não está falando de ideais: está falando de mercado. O espiral econômico que clubes como o Manchester City e o Real Madrid estão impondo ao mercado não tem base na economia real e mais cedo ou mais tarde, a casa vaio cair. Não existe, entre clubes como Manchester United, Milan e Real Madrid, uma diferença tão abissal que permita a um deles (no caso, o clube espanhol) consiga ter um poder financeiro tão maior que os rivais. Em todos os casos de clubes gastadores, os clubes estão aumentando suas dívidas. No Chelsea, o credor é Roman Abramovich; no City, aquele sheikh sem noção. E no Real?

Dizer que o Real consegue faturar mais com marketing, com direitos de transmissão, com facilidades discais, faz sentido. Mas não a ponto de o clube poder gastar US$150 milhões (porque ainda vai comprar Villa e Silva) enquanto os rivais investem 20% disso. A megacapacidade de gastos do Real não é clara e a menos que haja alguma mágica, muito arriscada.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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