Caminhos perigosos

Quando Michel Platini, presidente da Uefa, pede por transparência e equilíbrio no mercado de transferências e na propriedade dos clubes, ele não está falando de ideais: está falando de mercado. O espiral econômico que clubes como o Manchester City e o Real Madrid estão impondo ao mercado não tem base na economia real e mais cedo ou mais tarde, a casa vaio cair. Não existe, entre clubes como Manchester United, Milan e Real Madrid, uma diferença tão abissal que permita a um deles (no caso, o clube espanhol) consiga ter um poder financeiro tão maior que os rivais. Em todos os casos de clubes gastadores, os clubes estão aumentando suas dívidas. No Chelsea, o credor é Roman Abramovich; no City, aquele sheikh sem noção. E no Real?

Dizer que o Real consegue faturar mais com marketing, com direitos de transmissão, com facilidades discais, faz sentido. Mas não a ponto de o clube poder gastar US$150 milhões (porque ainda vai comprar Villa e Silva) enquanto os rivais investem 20% disso. A megacapacidade de gastos do Real não é clara e a menos que haja alguma mágica, muito arriscada.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.

2 Comments

  1. Será preciso esperar um pouco, mas nessa questão específica da grana do Real parece que cedo ou tarde irá valer aquele ditado romano que preconiza que non omne quod licet honestum est (nem tudo que é legal é honesto). A conferir se em uma época de dinheiro tão curto por todo lado o Real irá conseguir erguer o faturamento para pagar essa conta.

  2. A grande questão sobre as contratações de Kaká e Cristiano Ronaldo pelo Real Madrid é de onde o clube tirou toda essa grana.
    Alguns jornais espanhóis também se fizeram a mesma pergunta e chegaram a algo como 100 milhões que o clube já tinha em caixa mais 100 que arrecadaria com a venda de vários jogadores como van der Vaart, Saviola, Sneijder, Huntelaar, Heinze e Diarra. Sinceramente, não sei se alcançariam tamanha cifra com tais negociações, mas a expectativa de Pérez é aumentar o faturamento que iria de 366 para 500 milhões anuais.

Comments are closed.

Top