Para não ficarmos somente na crítica vazia, resolvi colocar aqui as razões que me fazem achar da unificação dos títulos brasileiros, pretendida por um grupo de clubes que venceram a Taça Brasil e o Robertão, uma bobagem oportunista. É importante, antes de mais nada, frisar que respeito as opiniões dos torcedores que acham o contrário, mas repudio e condeno veementemente a dos cartolas, que defendendo a medida, advogam em causa própria.
Tanto a Taça Brasil quanto o Robertão têm relevância no futebol brasileiro. São os embriões de um torneio nacional. Outros países têm eventos similares. Torneios regionais e intermunicipais ocorriam na Itália e na Inglaterra antes do começo dos campeonatos locais. A Mitropa Cup existia antes da Copa dos Campeões, assim como a Copa Mercosul precedeu a Copa Sulamericana. Por aí vai.
Por mais que os defensores das conquistas da Taça Brasil e Robertão tentem ignorar, o fato é que, à época, o campeonato que contava para os clubes era o Estadual. Nem os regionais, como Rio-São Paulo, contavam tanto quanto o sucesso dentro do estado. Pode parecer engraçado para os mais jovens, mas era outro tempo, quase perdido. Entre São Paulo e Rio de Janeiro, havia um abismo e não era muito diferente de um outro país. Quando os clubes se deparavam com a Taça Brasil, tinham uma determinada atitude e com os Estaduais, outra.
A não-abrangência de clubes de todo o país não é o único empecilho para sustentar a “unificação”. Há também a diferença na importância que os clubes davam a essas competições. Vencer a Taça Brasil não era, nem de longe, mais importante que vencer o Estadual. Uma derrota na Taça Brasil era um detalhe, comparado com uma derrota na final do Paulista ou do Carioca. Talvez, para clubes de fora do eixo, como o Bahia, a competição fosse mesmo relevante. Mas aí se deve ao fato de poder enfrentar, numa única vez em um longo período, os times que tinham mais repercussão nacionalmente.