O real e o desejo

Os últimos sete dias provaram, para quem quiser ver, quais as ambições do Corinthians na temporada, caso não queira passar o Natal frustrado. Com o atual elenco e com Ronaldo a conta-gotas, é um time para, em um excelente Brasileirão, ficar com uma vaga na Libertadores. Sem Ronaldo nenhum, Sul-Americana, no máximo.

Os primeiros jogos do ano contra adversários de primeira divisão deixam claríssimos os limites do time de Mano “Mago Gandalf” Menezes: a defesa é no máximo regular, André Santos é um bom jogador, mas não o lateral de Seleção que se comentava, falta um regista à frente da defesa e Douglas está a quilômetros do que se propalava na Série B – um armador com visão e técnica. Isso, claro, para não falar da falta de um goleador se Ronaldo não joga.

O diagnóstico é absolutamente normal: todos os times grandes do mundo que caíram à segunda divisão (inclusos aí Juventus e Milan) precisam de um espaço, em média, de cinco anos para reaver a força equivalente à sua história. A diretoria corintiana, muito vocal e populista, fala em ganhar tudo no ano, mas deve saber: a verdadeira meta do Corinthians é a Copa do Brasil, torneio que não tem os melhores times do país. O Brasileiro é um sonho de uma noite de verão. A menos que…

A menos que o improvável aconteça e Ronaldo possa jogar como titular regularmente, perdendo um jogo aqui e outro ali. Com o atacante em campo, a temporada do Corinthians terá, no mínimo, 40 gols a mais do que sem ele. O problema é que não há nenhuma garantia que ele agüente. Mas como promete mundos e fundos, se o Timão começar a seguir seu caminho normal (o de um time em reconstrução), pode pressionar para Ronaldo jogar mais do que suporta. Daí, perdê-lo por um tempo maior passa a ser uma possibilidade imensa.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
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