Holanda: domando a fúria parte II – sagacidade de Van Gaal

Louis Van Gaal é um treinador de personalidade forte e vencedor. Dotado de currículo em clubes, superior ao de Bert Van Marwijk, técnico vice-campeão com a Holanda em 2010. Talvez Van Gaal fosse o detalhe que faltou nos vestiários holandeses na Africa do Sul. Sem seus principais armadores que nem vieram ao Mundial, Van Gaal lançou mão de jogo pragmático porém eficiente. Fechar-se durante a primeira etapa e lançar-se em busca do resultado no segundo tempo, momento em que é natural a queda de rendimento físico do oponente.

Se a defesa é confiável, é possível dar libertade para Robben, Sneijder e Van Persie, que são atletas que podem decidir jogos, na execução de contra-ataques. No aspecto da transição rápida pelo lado externo do campo, Robben hoje não deve nada a Cristiano Ronaldo, Bale ou Ribery.

Sneijder atualmente é um ex-craque em atividade no Galatasaray, longe do Sneijder de 2010, vice campeão do mundo e campeão da tríplice coroa européia pela Internazionale. Mas sem a dupla Strootman/Van Der Vaart, Van Gaal não poderia se dar ao luxo de excluir jogadores talentosos. Sneijder é o jogador mais “macunaímico” do elenco holandês, uma vez que possivelmente, seja o jogador que menos vigoroso na marcação e desarmes.

Já Van Persie tem um talento nato para se lesionar antes de partidas decisivas, mas chegou inteiro no Mundial, uma vez que sua última lesão aconteceu em março, antes das quartas de final da Champions League. Ocasião em que Van Persie deixou o Man. United na mão, após conduzi-lo à classificação naqueles 3×0 impostos pelos red devils no Olympiakos, no jogo de volta das oitavas. Os três gols foram dele. Sneijder e Van Persie podem ser os caras certos, nos lugares certos, no momento certo.

Como seu viu no segundo tempo de Espanha 1×5 Holanda, diante da fúria desprovida de seu melhor volante interditor (Xabi Alonso, substituído por Pedro), o 5-3-2 de Van Gaal pode se desdobrar num 4-3-3, quando recupera a posse de bola. Um 4-3-3 aliás letal, com o trio ofensivo Robben/Sneijder/Van Persie, onde Robben e Sneijder podiam se projetar pelos flancos, nas costas de Azpilicueta e Jordi Alba.

A utilização do conceito de “falso centroavante” é nítida nesta ocasião, uma vez que Van Persie também atua pelos lados do campo, quando Robben ou Sneijder estiverem dentro da área. A Holanda é favorita sim e pode ser adversária do Brasil nas oitavas de final…

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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