Uma Inter mais forte e ponto

Não creio haja muito a se dizer sobre a conquista interista. Certamente o time nerazzurro não é o mais forte da Europa. Mas é igualmente certo que ninguém mereceu mais. José Mourinho é o melhor técnico do mundo e se lança de cabeça a desafios duros de vencer. Outros grandes técnicos como Ferguson, Benitez e companhia, são mais cautelosos na escolha.

A conquista da Série A duas vezes seguidas diz pouco sobre a Inter. Contra uma Roma voluntariosa e jogando no limite, um Milan alquebrado e uma Juventus que dependia de Felipe Melo e Diego, vencer a Série A era uma obrigação incômoda. Conquistar a LC é outra pasta. Javier Zanetti, como já disse outras vezes, é uma farsa como jogador, mas fez sua melhor temporada na história graças a impostação do time. Sneijder é para mim o melhor trequartista do mundo hoje e Diego Milito está longe de ser um craque, mas foi usado em todo seu potencial.

Não houve jogo com o Bayern. O catenaccio (cadeado, em italiano) usado por Mourinho realmente relembrou o de Helenio Herrera na década de 1960. Não é fácil fazer gols na Inter e se ela sai na frente, pior ainda. Robben recebia uma marcação dobrada, enquanto Schweinsteiger e van Bommel sofriam com a congestão no meio-campo interista. Altintop  tinha algum espaço, mas o verdadeiro desperdício era a dupla Olic-Müller, que deveria ter espaço extra se as descidas dos laterais fossem eficientes. Robben acabou sozinho demais e a Inter foi onipotente.

Como estava no interior, assisti a partida pela Rede Globo e me surpreendi por estar surpreso com a incapacidade de Galvão Bueno. Narrador de décadas de carreira, milionário e com residência europeia, ele não se deu ao trabalho de estudar o que as equipes tinham e faziam. Aliás, hábito comum em alguns colegas dele, detentores de postos de comando em emissoras esportivas. A narração de Galvão foi uma escola de bobagens. Esta é minha surpresa: por que me surpreendi? Não sei.

Cassiano Gobbet
Cassiano Gobbet é jornalista, formado pela Universidade de São Paulo e mestre em jornalismo digital pela Bournemouth University.
Top