Eliminatórias Mundial 2018: Alemanha 3×0 República Checa – o duelo tático

No último sábado a seleção da Alemanha bateu a República Checa em Hamburgo (Alemanha) por 3×0, numa partida em que o Nationalelf não se deparou com muitas dificuldades. O confronto valeu pelo grupo C das Eliminatórias europeias, para a copa de 2018.

Com o resultado os alemães lideram o grupo no critério desempate, numericamente empatados com a surpresa Azerbaijão (6 pontos cada). Os checos surgem na quarta colocação, convivendo com um moroso processo de renovação, já observado na disputa da última EURO.

Alemanha

A equipe do treinador Joachim Löw foi a campo com Neuer, Kimmich, Boateng, Hummels e Hector. Khedira, Kroos, Müller, Özil e Draxler. Götze. O desenho tático segue o 4-2-3-1, não muito diferente daquilo que foi visto durante a disputa da última EURO.

Por outro lado, Löw agora passará a privilegiar nomes que não estavam presentes ou não eram preponderantes no Mundial 2014. Mais além a EURO 2016 foi um momento de transição, para se ter certeza de que alguns veteranos como Schweinsteiger, Gómez e Podolski já haviam atingido sua idade útil limite.

Os alemães abriram o placar aos 13 min com Thomas Müller. A jogada iniciou pela esquerda com Mario Götze, que passou para Mesut Özil surgindo pelo centro. O meia do Arsenal por sua vez tocou para Müller, que surgia aberto pela direita e finalizou. Götze segue utilizado por Löw como atacante de área.

Passa-se a impressão de que o treinador não pretende dar espaço para um atacante típico de área, a menos que surja um muito eficiente apto a ser convocado. Götze está sendo usado como “falso 9” sendo que Müller também pode fazê-lo, se necessário. É preciso lembrar que o uso de Götze nesta função era plano antigo de Pep Guardiola, quando o treinador chegou ao FC Bayern em 2013.

Esse detalhe é explicitado pelo jornalista catalão Marti Perarnau no livro “Guardiola Confidencial” (ed. Grande Área/2015). Fora da área, Götze (hoje no Borussia Dortmund) pode se movimentar pela esquerda e pelo centro, podendo ocupar duas posições na linha dos 3 meias ofensivos do Nationalelf. As permutas entre os atletas desta linha de 3 meias e o atacante de área alemães, continuam impressionando.

O segundo gol alemão foi anotado aos 49 min já na segunda etapa. Kimmich avançou pela direita, com os componentes da linha dos 3 meias mais homem referência se movimentando entre as peças da linha defensiva checa, atraindo os marcadores. Kimmich cruzou rasteiro para o centro, onde o meia Toni Kroos surgiu para ampliar.

Já o terceiro gol, segundo de Thomas Müller na partida, iniciou-se pela esquerda em jogada combinada por Jonas Hector e Mesut Özil. Hector cruzou para Müller aparecer como homem referência na área, e finalizar.

Löw sinaliza que o lateral Joshua Kimmich e o meia Julian Draxler são titulares plenos. Durante a segunda etapa, o treinador promoveu uma troca tirando Kroos para a entrada de Ilkay Gündogan, postado ao lado de Sami Khedira.

No aspecto físico, Kroos e Gündogan não são tão diferentes. Entretanto o primeiro oferece saída de bola ampla, tendo como excelência os passes longos. Já Gündogan possibilita maior verticalidade e transição, lembrando que este meia agora é treinado por Guardiola no Manchester City.

Segundo levantamento oficial da UEFA os alemães ostentaram 66% de posse de bola. Criaram 16 ocasiões de gol (mais da metade do adversário com apenas 7). Destas 16 chances claras, 7 foram em gol das quais 3 se concretizaram.

República Checa

O técnico Karel Jarolim lida com um panorama similar ao da EURO 2016, agora desprovido do antigo ídolo/líder, o goleiro Petr Cech (Arsenal) que se aposentou da seleção. A liderança moral cabe ao zagueiro Marek Suchý, do suíço Basel que vem disputando a Champions League frequentemente.

O alinhamento inicial teve Vaclik, Kaderábek, Sivok, Suchý e Novak. Horava, Pavelka. Petrzela, Krejci, Dokal e Vidra. Seu módulo tático também busca um 4-2-3-1, porém personificado por uma geração distante daquela que chamou atenção no Mundial 2006 contando com Pavel Nedved, Milan Baros e Thomas Rosicky.

Com apenas 34% de posse de bola, os checos criaram 7 ocasiões de gol, das quais apenas uma exigiu grande defesa do goleiro alemão Emmanuel Neuer.

A Alemanha volta a campo pelas Eliminatórias na próxima terça-feira re-encontrando a Irlanda do Norte, adversário com quem se deparou na última edição da EURO. O confronto acontecerá às 15:45 hr (horário de Brasília).

Imagem de Müller (camisa 13 branca) no lance do terceiro gol: Getty Images

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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