Champions League – quartas de final: Chelsea 1×3 Real Madrid – o duelo tático

Na última quarta-feira o Real Madrid visitou o Chelsea em Stamford Bridge (Londres/Inglaterra), e obteve vitória maiúscula por 3×1 sobre os blues londrinos, atuais campeões da Champions League. O embate valeu pela partida de ida, das quartas de final da Champions League 2021/2022.

Sem regra do gol qualificado nesta temporada, o Chelsea precisará de dois gols no Santiago Bernabéu (Madrid/Espanha), para levar a partida para a prorrogação, sem sofrer nenhum. O Real Madrid manteve ímpeto assombroso, tal qual aquele que vimos nas oitavas de final, quando os merengues eliminaram o francês PSG.

Chelsea

Em meio a incertezas na parte administrativa, graças a sanções financeiras impostas ao dono do clube Roman Abramovich (que é russo), o Chelsea do treinador Thomas Tuchel sofre nítido desgaste físico, desde a vitoriosa campanha no Mundial de Clubes em fevereiro último. Algo que não impediu os blues de conquistarem aquele título.

Sob clima chuvoso, Tuchel alinhou inicialmente Mendy, Christensen, Thiago Silva e Rüdiger. Reece James, Jorginho, Kanté e Azpilicueta. Mount e Pulisic. Havertz. Como tem sido frequênte, o Chelsea de Tuchel tem variado 3-4-3 e 4-3-3, com Azpilicueta sobressalente à esquerda. O lateral espanhol pode ser o quarto homem da defesa ou meio campo.

Com 24 minutos o Chelsea já perdia por 2×0. Havertz diminuiu no minuto 40, mas a situação seguiu desigual após terceiro gol de Benzema para os merengues, no começo da segunda etapa. Muitos atletas blues tiveram a pré-temporada 21/22 encurtada, devido a presenças por suas seleções, em Euro/Copa América. Isso ocasionou déficit físico já nítido em fevereiro.

Com a idade avançada, o zagueiro Thiago Silva (37 anos), foi presa fácil para Benzema. O artilheiro blue Romelu Lukaku, só pode vir a campo no minuto 64. No pós jogo, o próprio técnico Thomas Tuchel afirmou de forma elegante e realista, ver sua equipe em quadro “irremediável”. O treinador alemão ressaltou que sua equipe está “aquém” daquilo que pode render.

Segundo estatísticas do The Guardian, os blues finalizaram 20 vezes (12 a mais que o Real Madrid). 15 tiros para fora, 5 em gol (1 convertido).

Real Madrid


Líder de La Liga espanhola, o Real Madrid do treinador Carlo Ancelotti foi a campo com Courtois, Carvajal, Militão, Alaba, Benjamin Mendy. Casemiro, Modric e Kroos. Valverde, Vinícius Jr e Benzema. “El Madrid” pode se desenhar em 4-3-3, mas o italiano Carleto, sempre propõe possibilidades dos meias ofensivos centralizarem, desenhando o 4-3-1-2 da sua tese de formação da escola de Coverciano (Florença/Itália).

Os blancos propuseram jogadas pelos flancos com Valderde/Vinícius Jr pela direita/esquerda respectivamente. A cobertura dos laterais blues Christensen/Azpilicueta era deficiente. Vinícius Jr mandou bola no travessão no minuto 9. No minuto 20, recebeu bola longa diagonal de Benzema e avançou pela ponta esquerda, cruzando para o atacante francês receber de volta e abrir o placar para os blancos.

O 2×0 surgiu após lançamento de Modric à direita da meia lua da área do Chelsea. Benzema completou de cabeça. Terceiro gol madridista saiu logo no início do segundo tempo. Após chutão despretensioso da defesa merengue, o goleiro blue Mendy dominou mal e tocou fraco para Kanté. Benzema roubou a bola e fez 3×1. Segundo hat trick de Karim Benzema em duas partidas consecutivas da UCL.

O sprint físico que o Chelsea sofre neste momento mostrou-se decisivo a favor do Real Madrid. As linhas adiantadas propostas por Tuchel decretaram seu revés. Os flancos da defesa do Chelsea foram facilmente superados pela velocidade de Valverde e Vinícius Jr. Na coletiva pós jogo, Thomas Tuchel tomou para si o erro de ter escalado Christensen, enquanto marcador de Vinícius Jr.

No meio campo Kroos (a princípio meia ofensivo ainda no FC Bayern), Modric e até Valverde por ser sul-americano (uruguaio), podem cumprir função de “enganche” (1 do 4-3-1-2), ou trequartista, como dizem os italianos. No lance do segundo gol, Modric estava como meia ofensivo.

A utilização de Vinícius Jr pelo flanco esquerdo, lembra muito a forma como o também italiano Fabio Capello, utilizava os brasileiros Sávio/Robinho. Acelerar quando é necessário o gol e prender bola para recompor. Capello treinou os merengues na metade dos anos 1990 e na metade dos anos 2000.

Segundo as estatísticas do The Guardian, o Real Madrid mostrou 43% de posse de bola, assinalando franca opção por jogar no contra ataque. Segundo o periódico inglês, os blancos finalizaram apenas 8 vezes. 3 tiros para fora, 5 em gol (3 convertidos) e eficiência absurda de Benzema.

O Real Madrid tem plantel que deixa a desejar, no que diz respeito a peças defensivas. Se não sofrer baixas (lesões/suspensões), é um feroz candidato ao título da UCL 21/22.

A partida e volta das quartas de final da Champions League acontecerá em Madrid já em 12 de abril.

Imagem de Benzema e Vini Jr Glyn Kirk /Ikimages/AFP

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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