Na última quinta-feira o Olympique Marselha foi derrotado pelo cipriota Apollon Limassol por 3×1 dentro do Vélodrome (Marselha/França), em confronto válido pela última rodada da fase de grupos da Europa League. De antemão o panorama era o pior possível para o marselhês e atual vice-campeão do torneio. O OM entrou em campo já eliminado.
Integrante do grupo H da EL, o Marselha tinha na última rodada da fase de grupos, a chance de disputar a terceira colocação com o modesto time do Chipre. Só. Em seis partidas a equipe do técnico Rudi García obteve um empate e sofreu cinco derrotas. Os outros competidores do grupo H eram Eintrach Frankfurt e Lazio, classificados.
Embora haja argumentos para explicar os problemas, a eliminação imediata da segunda maior competição continental representa “balde de água fria” razoável no processo de reconstrução do OM, sob propriedade do gestor americano Frank McCourt e presidência de Jacques Henry-Eyraud.
Na França o L’Équipe enfoca compreensível insatisfação da torcida marselhesa, que por sua vez já tem alguns setores exigindo a cabeça de Rudi García e assim ironizando o “l’OM Champion’s Project” (“projeto campeão do OM”). Em todo caso, sete derrotas nos últimos dez jogos caracterizam um revés considerável.
Oscilação no setor de defesa
Ao fim desta primeira metade da temporada 18/19 é preciso livrar de culpabilidade o treinador Rudi García. O técnico está conseguindo mudar o padrão tático da equipe, sendo que o OM passou a atuar com três defensores nesta temporada.
Mais além, o planejamento da agremiação optou por livrar-se de volantes pesados (Zambo-Anguissa cedido ao inglês Fulham) em nome de um bom reforço para o meio-campo, mais exatamente o holandês Kevin Strootman. O ex-meia da italiana Roma foi a principal aquisição do OM para a temporada.
Na EL em específico os números são abaixo da crítica, sendo que o OM fez 6 gols, sofrendo 16 em contraparte. Apenas se percebe alento observando os números da equipe na Ligue 1, onde ocupa a 5ª colocação. O OM fez 29 gols, tendo sofrido outros 25. É a segunda equipe mais goleadora apenas atrás do líder PSG (absurdos 49 gols).
A mudança tática exigida por García de seus comandados explica parte desta inconstância defensiva. A outrora linha de quatro defensores estava habituada a dois volantes vigorosos postados a sua frente até a última temporada, tendo agora apenas um (o brasileiro Luiz Gustavo) ao lado do low playmaker Strootman.
O que tornou a defesa marselhesa uma peneira foi o déficit físico que acometeu seus dois principais zagueiros de área, (o campeão mundial pela França) Adil Rami e o veterano português Rolando. Servindo a França do Mundial da Rússia, Rami teve tempo de férias reduzido. O zagueiro conviveu com problema muscular até o fim de setembro, voltando a atuar regularmente a partir de outubro.
No computo total da temporada Rami faz constar 16 partidas, 1 gol e 1 assistência. Porém seu contraponto, o português Rolando, elenca apenas 4 aparições tendo iniciado a temporada com problemas num dos tendões de aquiles. Rolando só passou a estar disponível em 25 de novembro. Dadas as idades críticas de ambos (Rami com 32 e Rolando com 33 anos), o OM deveria pensar em zagueiros para a janela de transferências de inverno.
O dano físico da dupla Rami/Rolando foi o empecilho que ainda não deixou o plano de Rudi García se concretizar. Num torneio de mata-mata como a Europa League, não ter suas principais peças de defesa pode acarretar desclassificações, uma vez que é preciso jogar em função da defesa em determinadas circunstâncias (segurar empates ou derrotas por determinado número de gols).
Entretanto os jogadores de ataque do OM parecem ter assimilado bem a ordem de García, que com certeza visa maior verticalidade e busca do gol, haja visto os 29 tentos anotados na Ligue 1. A decisão da EL 17/18 perdida pelo Atlético Madrid por 3×0 tornou nítida algumas limitações do OM.
Com um Atlético compacto, usando muita transição em velocidade quando havia espaços, o OM só conseguia tentativas de criação de ocasiões de gol pelos lados e em bolas diagonais. Não raro explorando única e exclusivamente o jogo aéreo. A equipe de Marselha parecia um time da década passada. Fosse um imbecil, Rudi García não teria mudado o padrão tático de forma tão drástica.
O Olympique Marselha deveria voltar a campo no domingo, para tradicional confronto contra o Bordeaux, pela rodada 18 da Ligue 1. A partida no entanto é uma das quatro que foram adiadas mais uma vez, vem virtude dos protestos políticos que ocorrem na França.
Dados: Transfermarkt.com
Imagem de Lucas Ocampos do OM: J.Prévost – L’Équipe
Sortie de but
– Além do Marselha os outros dois competidores franceses na presente edição da Europa League até o fim da fase de grupos eram Bordeaux e Rennes. Apenas o Rennes obteve classificação para o mata-mata.
– Antes da última rodada da fase de grupos se iniciar na quinta-feira, o OM já se via eliminado e o Bordeaux precisava de uma vitória obtida, além torcer por derrota do Slavia Praga nos confrontos do grupo C, algo que não houve. O Rennes por sua vez, era o único francês com chances de classificação.
– No grupo K o Rennes recebeu o cazaquistanês Astana no Roazhon Park da cidade de Rennes, dependendo apenas de seus esforços. O time rubro-negro obteve vitória por 2×0, classificando-se no 2º posto com 9 pontos, dois a menos que o líder e muito mais tradicional Dynamo Kiev (Ucrânia). Dos três competidores franceses na EL, o Rennes foi o único que não teve jogo adiado na rodada 17 da Ligue 1.
– O Rennes vem impulsionado pela dupla revelada pelo Lyon, Grenier/Ben Arfa, atletas que carregam estigma de “eternas promessas” na França. Enaltece-se o ressurgimento de Ben Arfa, após o atleta cumprir a última temporada junto ao PSG, sem entrar em campo. O atacante tem 3 gols em suas últimas três partidas consecutivas pela Ligue 1.
– O sorteio dos confrontos da 16 avos de final da Europa League também acontece na próxima segunda-feira, junto ao sorteio da Champions League.