Real Madrid: o velho desprezo pelos médios defensivos.

Após a derrota do Real Madrid por 2×1 para a Juventus em Turim (Itália), em partida de ida válida pela semifinal da Champions League, a imprensa espanhola enxovalha o zagueiro e volante de ocasião Sergio Ramos. O defensor espanhol está sendo responsabilizado pela derrota, algo parcialmente coerente.

O uso de Sergio Ramos como primeiro volante por Carlo Ancelotti, obteve êxitos na classificação para às semifinais da CL, diante do Atlético de Madrid e na partida contra o Sevilla, pela última rodada de La Liga. Por outro lado, a diretora merengue cometeu erros de planejamento na politica de contratações da presente temporada.

O periódico espanhol El País, além das críticas a Ramos ressaltou durante a semana que acaba algo que temos ressaltado aqui neste site. Faltam meio-campistas de marcação ao elenco blanco.

Florentino Pérez e os volantes.

Historicamente, o presidente Florentino Pérez sempre manteve um desprezo por volantes, característica esta muito forte no passado. Em sua primeira gestão, no começo da década passada, Pérez se livrou de volantes como Esteban Cambiasso e Claude Makélélé, a valores módicos.

Durante a primeira era galáctica, Pérez afirmava que a sua política dos “Zidanes e Pavones” era a suficente. A expressão enfatizava o apreço por craques caros (os “zidanes”) alternados a jogadores inexpressivos para compor as funções defensivas. O termo “pavones” remetia ao semi-anônimo defensor Paco Pavón, que atuava no clube na primeira metade dos anos 2000.

Voltando ao presente, Florentino Pérez completa seis anos desde seu retorno à presidência do clube blanco. Definitivamente sepultou quaisquer políticas pautadas pelos “Zidanes e Pavones”. Em sua primeira gestão, ele jamais contrataria um treinador defensivista como fez ao levar para Madrid José Mourinho, em 2010.

Alonso ou Khedira?

O Florentino do passado que afirmava que só contrataria o volante Gennaro Gattuso se fosse para ele “trabalhar de roupeiro”, também não faria questão de ter nomes como Pepe ou Xabi Alonso, em sua primeira gestão. Pérez porém, voltou a errar na forma como lidou com a dispensa do citado Xabi Alonso, no início desta temporada.

Alonso foi para o FC Bayern, porque o Real Madrid não quis negociar Sami Khedira, pretendido pelo time alemão. O volante espanhol de origem basca foi liberado devido a idade avançada, mas Khedira não tem sido utilizado por Carlo Ancelotti. Trata-se de um volante de origem da posição, que poderia estar sendo escalado no setor onde Sergio Ramos tem sido improvisado.

A não reposição de uma peça para o lugar de Alonso foi ofuscada pelas chegadas de Toni Kroos e James Rodríguez. Segundo o El País, Khedira provavelmente não terá o contrato renovado. O fato torna incompreensível a recusa em negociá-lo com Bayern no último verão. Os outros atletas disponíveis para a posição são Illarramendi e o recém chegado Lucas Silva.

Revelado pelo Athletic Bilbao, Illarra custou 40 milhões de Euros e parece não ter a confiança de Ancelotti. Rumores davam conta de clubes báscos (Athletic, Real Sociedad) interessados em seu futebol, na última janela de transferências. Já o brasileiro Lucas Silva é descrito pelo periódico espanhol enquanto “bisonho”.

Caso se confirme a punição da FIFA em nome de irregularidades na manutenção de atletas menores de idade nas divisões de base, o Real Madrid pode ter problemas. A punição proibirá o clube de atuar como contratante durante as janelas de transferências de verão de 2015 e inverno de 2016.

Foto de Sergio Ramos abatido pela marcação da Juventus na última terça: Olivier Morin – AFP.

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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