As suspeitas e os rumores que ecoavam por Madrid (Espanha), se concretizaram na noite da segunda-feira 25/05. O presidente do Real Madrid, Florentino Pérez anunciou publicamente que o treinador italiano Carlo Ancelotti, não seguirá no comando técnico do clube merengue. O anúncio foi feito por Pérez em coletiva junto à imprensa realizada em Madrid.
A imprensa brasileira sempre enfatiza a permanência dos treinadores por longo prazo, no futebol europeu. Porém, em meio a clubes com investimentos realmente milionários, tais quais Real Madrid, Barcelona ou FC Bayern, terminar uma temporada sem nenhum título é um critério determinante para se demitir um treinador. Mesmo que ele tenha tirado um clube nove vezes campeão da Champions League, de doze anos sem conquistas europeias.
O periódico espanhol El País afirmou que Ancelotti era um sonho antigo de Florentino Pérez, que teria tentado contratá-lo ainda em 2006. Naquela época, Carletto se via no Milan e terminaria a temporada 2006/2007, heptacampeão da CL pelo clube rossonero. Ancelotti porém chegaria em Madrid, só na primavera de 2013 para terminar a temporada 2013/2014 dando aos merengues, sua sonhada décima CL.
Bom gestor ou bom treinador?
Com a demissão de Carletto, alguns argumentos relacionados a Florentino Pérez se sobressaíram e também foram expostos pela imprensa espanhola. Ancelotti era uma espécie de aposta de risco, tido enquanto um “bom gestor”, que para os espanhois é diferente de um “bom treinador”. O “bom gestor” está apto a vencer copas europeias, o “bom treinador”, ligas nacionais.
Se o objetivo de Pérez é fazer o Real Madrid voltar a ser um vencedor de ligas nacionais, algo difícil na Espanha devido a concorrência com o Barcelona, Carletto realmente tem um perfil divergente. Seu histórico no Milan é um indício razoável, tendo conquistado apenas uma Série A (2003/2004), em nove anos como treinador rossonero.
Em vinte anos como treinador, Ancelotti venceu apenas três ligas nacionais, a citada Série A, a Premier League 2009/2010 pelo Chelsea e a Ligue 1 2012/2013, pelo PSG. De fato, um número muito escasso de campeonatos nacionais conquistados. Em dois anos em Chamartín, os dois títulos que obteve pelos blancos (CL, Copa Del Rey), foram em torneios de mata-mata. Nas duas últimas temporadas, a liga espanhola se tornou mais dura devido a maior preponderância de Atlético de Madrid, Sevilla e Valencia.
Outro detalhe que contou pontos contra Ancelotti, teria sido uma falta de aspereza em relação a parte disciplinar do elenco. Dentre outras situações protagonizadas pelos atletas fora do horário de trabalho durante a temporada, tornou-se polêmica a última festa de aniversário de Cristiano Ronaldo. A confraternização foi realizada após a derrota vexatória no derby de Madrid.
CR7 comemorou seus 30 anos, após “el Madrid” ter sido derrotado por 4×0 para o Atlético de Madrid, em compromisso do segundo turno de La Liga, ocorrido em fevereiro. Porém, em qualquer área profissional um “bom gestor” pode até se divertir com seus funcionários, fora do horário comercial.
Ainda segundo o El País, houve alguma comoção por parte de Ancelotti já na despedida do elenco, nos vestiários do Santiago Bernabéu no sábado após a vitória por 7×3 sobre o Getafe. Ironicamente, Carletto acaba demitido do Real Madrid na data em que se completaram dez anos da chamada “tragédia de Istambul”. O técnico era treinador do Milan na final da CL 2004/2005 em que os rossoneros venciam por 3×0, sofreram um empate e perderam para o Liverpool, nos penaltis.
Ancelotti deve cumprir um “ano sabático” na temporada 2015/2016, conforme afirmou ainda na semana passada. Segundo o El País, o treinador deve se dirigir para o Canadá para realizar tratamento médico.
O presidente blanco Florentino Pérez afirmou que o nome do novo treinador só deve ser anunciado na próxima semana.
Imagem de Ancelotti: Alberto Martin – EFE