PSG: Zlatan Ibrahimović pronto para “zlatanear” em Barcelona.

Pela última rodada da fase de grupos Champions League 2014/2015, o Barcelona recebe o Paris Saint-German na Catalunha, nesta quarta-feira, em partida que vale o primeiro posto do grupo F. Os “culés” vice-líderes e os líderes parisienses já estão classificados para as oitavas de final e não deram chances nem para Ajax e nem para o cipriota APOEL. Ex-Barcelona e atual PSG, Zlatan Ibrahimović é o foco das atenções da imprensa espanhola, às vésperas de re-encontrar o ex-clube.

Sueco de ascendência iugoslava, Ibrahimović ainda não conseguiu anotar nenhum gol contra o Barcelona, em partidas disputadas no Camp Nou. Algo incomum em se tratando de um atleta decisivo, que já anotou 373 gols em 701 partidas, numa média de mais de meio gol por jogo, segundo dados levantados pelo El País. Ibrah atuou no Camp Nou na temporada 2009/2010, após contratado junto Internazionale.

Na época, merecidamente valorizado Ibrah conseguiu apenas ver seu ex-clube neroazzurri ser campeão da Champions League, sem ele. O atacante foi eliminado pelo próprio time italiano nas semifinais daquela edição do torneio, tendo vivido às “turras” com o então treinador blaugrena Pep Guardiola.

O El País frisa a inaptidão de Ibrah ao se ver à sombra tanto de Messi, quanto da dupla catalã Iniesta/Xavi. Obrigado a cumprir funções táticas rigidamente determinadas por Guardiola. Pouco antes do início da temporada 2010/2011 começar, um Ibrah desvalorizado olhou para os jornalistas num sábado de manhã, ao chegar à sede do Barcelona e disse cinicamente: “vim para uma reunião com Guardiola”.

O sueco entrava pela última vez na sede blaugrena, sendo que o clube o negociou com o Milan por cerca de 20 milhões de Euros. Ibrah havia chegado à Espanha 66 milhões de Euros mais a cessão de Samuel Eto’o, à Inter.

“Zlatanear”, sinônimo de impôr-se à força.

O El País enfatiza o ímpeto de Ibrah oriundo do clube sueco Malmö, descrito depreciativamente como algo quase que “extraterreno”, em termos de tradição no futebol europeu. O periódico coloca que a afirmação do atacante no futebol se dera a “golpes de ego”, de maneira “forte e tenaz”.

Por outro lado, tanta autoconfiança se justifica, uma vez que Ibrah só perdeu uma liga nacional que disputou em sua carreira, exatamente a Série A italiana 2011/2012, jogando pelo Milan. O sueco venceu duas ligas holandesas (pelo Ajax), seis ligas italianas (duas pela Juventus, três pela Inter, uma pelo Milan), uma liga espanhola (pelo Barcelona) e duas ligas francesas (pelo PSG).

Mesmo se recuperando de problemas no tornozelo, Ibrahimović inspira respeito de companheiros e adversários. O técnico “culé” Luis Enrique recordou a derrota por 3×2 na segunda rodada da fase de grupos da CL, a qual aconteceu “sem Ibrah e devido ao plantel de alto nível” dos parisienses. Mas com o sueco recuperado “(…) aumenta o potencial porque Ibrah é top. Se está em seu nível habitual, é difícil pará-lo”. Laurent Blanc, técnico do PSG é categórico: “Sempre é melhor tê-lo, mesmo que ele não esteja 100%”.

A personalidade difícil de Ibrahimović é enfatizada pelo El País, que mencionou um documentário produzido e veiculado na Suécia, cujo titulo traduzido para o português seria algo como “Zlatan em foco”. Segundo o periódico, há uma tentativa do atacante em tentar mudar sua imagem pessoal desenvolvida durante os anos.

El Sharaawy ex-companheiro de Milan, afirmou várias vezes que Ibrah grita com os que não lhe passam a bola, além de torná-los alvos de brincadeiras nos vestiários. O brasileiro Lucas atual companheiro no PSG, também confirmou o fato afirmando simultaneamente que não ter Ibrah em campo, é ainda pior.

Voltando ao documentário que bateu recordes de audiência em seu país, onde Ibrah é herói nacional, o mesmo chamou a atenção pelo excesso de virilidade. Não se viu nem se ouviu na produção depoimentos de nenhuma mulher, nem mãe, nem irmã e nem esposa.

O El País enfatiza o ritual do pai de Ibrah que comemora os gols do filho com uma buzina, assistindo os jogos pela televisão. O progenitor do atacante não vai ao estádio assistir as partidas do filho. Durante a última premiação da Bola de Ouro sueca, Ibrah ganhou a honraria e uma buzina de presente da apresentadora.

Segundo o El País, a ocasião também demonstrou o primeiro resquício público de sentimentalismo por parte do atacante. A premiação rememorava futebolistas suecos importantes falecidos vítimas de câncer, no período da última temporada 2013/2014. Entre eles Ingensson da seleção sueca terceira colocada no Mundial de 1994. Ibrah mencionou seu irmão Sapko que faleceu no último mês de abril aos 40 anos, também vítima de problemas oncológicos.

O El País ressalta que uma palavra sueca correspondente a “zlatanear” grafado e pronunciado em espanhol, fora inclusa em recentes edições de dicionários na Suécia. O neologismo “zlatanear” significa impôr-se à força.

Foto de Ibrahimović contra o Ajax em partida da atual CL: Franck Fife – AFP

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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