Holanda rumo ao título – parte III: o aspecto tático (ataque)

Seguimos com o ensaio acerca da variação do 5-3-2 da Holanda 2014 de Van Gaal. Com a bola recuperada a formação 5-3-2 pode configurar um 4-3-3. Os 3 atacantes deste 4-3-3, são letais. Repito o que já escrevi sobre Robben aqui neste blog.

Arjen é um atleta de transição rápida tão eficiente/talentoso quanto Angel Di Maria, Cristiano Ronaldo ou Gareth Bale. No fim do jogo das oitavas de final do atual Mundial, vencido por 2×1 contra o México, os três homens de frente da Holanda foram Robben, Sneijder e Huntelaar.

Klaas Jan Huntelaar é um subestimado centroavante ex-Ajax, Real Madrid e Milan, hoje ídolo e caminhando para ser um dos maiores artilheiros da história do alemão Schalke 04. Huntelaar é um atacante de área tradicional do tipo que se vê fora de moda na Europa atualmente. Se Van Persie, que executa bem a função do “falso centroavante”, não está bem, ou se vê sufocado pela marcação, como foi contra o México; a Holanda tem peça de reposição a altura.

5-3-2, 4-4-2, 4-3-3

A transição do 5-3-2 para o 4-3-3 no entanto, possui uma particularidade. Pelo lado esquerdo o esquecido Dirk Kuyt (ex-Liverpool atual Fenerbahce), é natural da posição de atacante. Van Gaal tem escalado Kuyt pelo lado externo esquerdo. Se Sneijder fica no meio-campo, é Kuyt quem pode se juntar aos outros 2 homens de ataque, possibilitando o 4-3-3.

Porém, Sneijder e Robben (pelo lado externo direito) podem compor o meio-campo, desenhando assim um 4-4-2, no ataque com Kuyt aberto pelo lado externo esquerdo, mais um homem de área (Van Persie ou Huntelaar). A inteligencia tática e a força física fazem de Kuyt apto a atuar na faixa central, por exemplo, de forma similar a Hulk na seleção brasileira. A diferença entre Hulk e Kuyt, é que o holandês está habituado a jogar fixo dentro da área.

Huntelaar e Kuyt são os atacantes de força física do elenco holandês. Então na escalação inicial da Holanda contra o México, haviam quatro atacantes em campo Kuyt, Sneijder, Robben e Van Persie. Disposição inicial a saber: Cillessen, Verhaegh, Vlaar, De Vrij, Blind e Kuyt. De Jong, Wijnaldum e Snejider. Robben e Van Persie. Kuyt é um falso lateral-esquerdo. Quando o time recupera a posse de bola ele se projeta e De Jong compõe o quinto homem da linha de 5 defensores, pelo centro.

O material humano ofensivo que Van Gaal tem a sua disposição (Van Persie, Robben, Sneijder, Huntelaar, Kuyt) é equiparável às opções ofensivas que Felipão tinha em 2002. No time pentacampeão Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho era o trio ofensivo titular, cujas qualidades e capacidade de decisão a época, não precisam ser mencionadas. Luisão era o centroavante de força física apto a disputa corporal com defensores vigorosos. Luisão ainda mostrava capacidade de iludir o árbitro, em quedas que resultavam em pênaltis marcados a favor (vide Brasil 2×1 Turquia).

Edilson era um atacante de velocidade que podia atuar aberto pelos lados. Denilson (hoje comentarista da Band), era um meia-atacante leve, dotado de grande habilidade utilizado no decorrer de partidas. Denilson retinha a posse de bola quando o time ostentava vantagem no marcador, como se viu no fim de Brasil 1×0 Turquia nas semifinais de 2002.

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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