Numa de suas melhores partidas da história das copas em que participou, o Chile impôs 2×0 sobre a Espanha, na última quarta feira, carimbando a passagem de volta dos espanhóis, eliminados na primeira fase. Foi a segunda derrota consecutiva dos espanhóis na primeira fase do Mundial 2014, um pouco menos humilhante que a goleada de 5×1 sofrida contra a Holanda, na rodada de estreia.
O Chile não será campeão, mas seu bom desempenho será o suficiente para que seus bons atletas obtenham bons contratos na próxima temporada. Alexis Sánchez já atua no Barcelona, Arturo Vidal está jogando sem tempo suficiente de recuperação de uma intervenção cirúrgica sofrida, tão logo a temporada terminou.
Vidal é o principal homem de meio campo da Juventus tri-campeã italiana e é pretendido pelo Barcelona. Vidal é mais importante aos bianconeri do que Pirlo, porque sem o vigor físico de Vidal o talento do já veterano Pirlo não se sustenta, por si. Os chilenos, comandados pelo argentino Jorge Sampaoli basicamente colhem frutos do período em que foram treinados pelo também argentino, Marcelo Bielsa.
Fúria em crise
Doutor Sócrates, ainda em vida, escreveu certa vez em sua coluna na revista Carta Capital, que a copa não era mais do que uma feira futebolística, similar a uma semana de moda ou semana do automóvel. O time campeão determina a tendência futebolística dos próximos quatro anos posteriores ao torneio. A Espanha é a tendência futebolística européia praticamente desde 2008, quando venceram a EURO. Depois venceram o Mundial 2010 e a EURO 2012.
A última Champions League teve uma final disputada entre dois clubes espanhóis, Atlético de Madrid e Real Madrid. A segunda maior competição do continente europeu, a UEFA Europe League teve uma campeão oriundo da Espanha, o Sevilla da Andaluzia.
O Manchester City campeão da Premier League britânica conta com um tridente ofensivo espanhol em seu elenco, David Silva, Alvaro Negredo e Jesus Navas, os dois últimos “esnobados” pelo técnico Vicente Del Bosque. O poderoso FC Bayern campeão da última Bundesliga e Copa da Alemanha é comandado por Pep Guardiola.
Não é de se admirar que Casillas, Sergio Ramos, Xabi Alonso, Koke, David Villa, David Silva e Diego Costa tenham chegado ao Mundial, dotados de condicionamento físico abaixo do necessário. Alguns, como Casillas, Ramos, Iniesta, Xavi, Alonso, Villa formam o time base desde 2008 e naturalmente envelheceram. Trata-se do crepúsculo de uma geração vitoriosa.