O Nationalelf de Löw: quando a coisa fica feia – parte II

O que chama a atenção na equipe alemã é a forma como o time marca a saída de bola do adversário. Atacantes e meias preenchem os espaços cercando o jogador adversário que tem a posse da bola. Volantes ou zagueiros saem no primeiro combate, para o desarme certo.

Um sistema defensivo depende de entrosamento, algo supostamente difícil de conseguir, uma vez que os jogadores das seleções não jogam frequentemente. Plasticamente as ações às vezes se assemelham à coreografia de um ballet.

O Nationalelf funciona como qualquer outro bom time

No empate em 2×2 contra Gana, Löw abriu o time sacando Jerome Boateng, praticamente um zagueiro ocupando o espaço que acabe ao lateral direito, para a entrada de Mustafi; que por sua vez, apresentou características de lateral que vai à linha de fundo.

Com maior volume de jogo no setor ofensivo, o gol de Götze saiu (de joelho, diga-se de passagem), exatamente pelo lado direito onde Müller foi acionado. A ideia de Löw era explorar a velha jogada de ultrapassagem, com Philip Lahm, se aproximando de Mustafi, pelo lado direito.

Anteriormente lateral, Lahm se tornou meio-campo desde que Pep Guardiola assumiu o FC Bayern. O capitão alemão detem média de 100% de passes certos em seu clube. Já passa dos 30 anos e naturalmente perdeu velocidade para atuar pelos lados. Não se afasta bruscamente um jogador de sua qualidade, do time titular.

Löw tem utilizado Lahm da mesma forma que Guardiola. Sem Jerome, a Alemanha sofreu o primeiro gol de cabeça, em falha defensiva de jogo aéreo por parte de Mustafi. O tal “cobertor curto”, cubra os pés e descubra a cabeça, literalmente. E curiosamente, Lahm errou o passe no lance que originou o segundo gol ganês.

A procura do gol de empate, Löw sacou o marcador Khedira para promover a estreia de Bastian Schweinsteiger no Mundial, algo que ainda não havia acontecido. Com Bastian havia a possibilidade de “bola de transição”, devido a precisão do meia em explorar passes longos. E se torna complementar à presença de Klose, como de fato aconteceu, intencionando as jogadas aéreas, uma virtude do citado atacante.

Nos números finais de Alemanha 2×2 Gâna, o número total de finalizações apontou 11 para os alemães contra 20 dos ganeses. Aos ganeses faltava um homem de área como Samuel Eto’o, dos colegas camaroneses ou do marfinense Drogba. Os africanos já criam muitas jogadas coletivas que possibilitem o gol, como manda a cartilha européia. A Alemanha não jogou contra “o vento”.

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
Top