A seleção de Felipão venceu a Espanha contrariando os palpites de praticamente todos que acompanham futebol europeu. E Felipão, mais uma vez superou uma condição adversa de expectativas. Sua seleção tem sim um sistema defensivo coeso dotado de um goleiro experiente (Jùlio César merecidamente o melhor da competição), um miolo de zaga respeitadíssimo (T.Silva/D. Luiz) e a frente destes todos, Felipão como lhe é característico inventou uma dupla de volantes que se complementa, L. Gustavo e Paulinho, que não é Falcão, nem Toninho Cerezo, nem Ramires, mas Paulinho.
A Espanha perdeu no fator psicológico, difícil de interpretar, resquício semi-imperceptível sobretudo, por parte da tosca imprensa. Xavi parecia olhar de forma respeitosa a multidão no Maracanã que cantou em uníssono junto a seleção de Felipão, todo o hino nacional em versão estendida, não preparada pela execução oficial.
Principalmente o trecho ‘gigante pela própria natureza’ tão entoado nas últimas semanas, seja para o bem, seja para o mal. A festa era dos brasileiros e os espanhóis pareceram entender, o que não significa “entregar o jogo”. A Espanha foi a mesma o tempo todo, seja perdendo por 1×0, 2×0, 3×0 ou com um Piqué a menos.
Manteve o habitual percentual maior do que 50% de posse de bola, na partida toda. O primeiro e o terceiro gols, anotados com menos de 2 minutos tanto do primeiro quanto do segundo tempo, foram baques mentais consideráveis para a fúria.
Taticamente a fúria foi superada por sua anti-tese, um time montado a partir de um forte sistema defensivo e a analogia que mais se faz cabível aqui, seria em relação ao Chelsea campeão 2011/2012, superando o Barcelona nas semifinais da Champions League. Era possível.
Na última CL, até o Celtic venceu o Barcelona com 20% de posse de bola em todo o jogo, da parte dos escoceses. Na última sexta-feira antes da final, Mario Marra (rádio CBN) perguntou a um jornalista espanhol, convidado a participar do programa 4 em campo; quanta falta fazia o volante Xabi Alonso.
Pergunta esquisita em relação a uma Espanha respeitada por sua ofensividade. Alonso nem foi convocado, mas é o volante/interditor desse grupo espanhol nas conquistas da EURO 2008/2012 e Mundial 2010. O atleta mais similar a ele no elenco vencido na final era Javi Martinez.
Com um gol a favor dos adversários no marcador, o tiki-taka é algo perigoso, caso o time não possua um volante/interditor/camisa 5 clássico em campo. Nem o Barcelona tem um Xabi Alonso, que joga no Real Madrid. Apenas peço desculpas por não me lembrar do nome do jornalista espanhol que participou do citado 4 em campo.
Só os destemidos pactuam com o dionisíaco tiki-taka…
