O lado irônico do UFC.

Em algumas oportunidades o editor deste blog expressou o seu não apreço pelo UFC, algo que gerou discordâncias e comentários acalorados por parte dos leitores.

Para este que vos escreve o UFC é indiferente embora eu tenha assistido o evento transmitido no último sábado que mais uma vez teve um combate envolvendo o lutador Anderson Silva no chart principal. Até um cego e surdo percebe que uma certa emissora de televisão quer transformar Silva fora do octógono em algo parecido com o que Ayrton Senna foi extra-pista.

Ao aceitar ser patrocinado pelo clube de futebol que torce, Anderson Silva talvez limite sua própria popularidade, seja como fenômeno ou como produto. Num Brasil em que diferença clubística futebolística ocasiona fatos similares a guerras santas, Anderson Silva faz com que muitos consumidores deixem de adquirir a si mesmo.

Neste ponto Ayrton Senna era mais inteligente e sabia se moldar enquanto produto pois era ‘Ayrton Senna do Brasil’. Se não me engano vi até hoje apenas uma foto de inicio de carreira em que Senna mostra uma camisa do Corinthians por debaixo do macacão. Possivelmente a imagem antecede seu grande período de conquistas que começou no fim dos anos 80.

Tal qual a Formula 1, hoje o UFC já se consolida enquanto grande evento de entretenimento. Particularmente creio haver uma distância muito grande de ambas as modalidades a uma pratica esportiva. Não que atletas não se coloquem em risco mediante a algumas praticas esportivas, porém uma competição em que o critério do árbitro em intervir é não deixar um dos competidores morrer, ao meu ver não é modalidade esportiva.

Em termos mercadológicos o futebol também já é um evento de entretenimento similar a Formula 1 e ao UFC. Maior em alguns lugares por sua preponderância cultural. O jogo é entendido e praticado em diferentes contextos sociais, de diferentes partes do mundo.

Ao meu ver por ser um jogo, algo que envolve a atividade lúdica, o futebol se qualifica enquanto esporte. Por outro lado o UFC equipamentos de proteção e algumas regras a parte não é tão drasticamente diferente do taekwando, da luta grego romana ou do boxe, esportes olímpicos.

O lado irônico do UFC em relação ao futebol reside exatamente na rotina de preparação daqueles que o praticam. Alguns futebolistas/celebridade como Adriano, Robinho, Diego Souza, Carlos Alberto, Nasri ou De Rossi, no caso que o editor do 90 Minutos citou há um ou dois posts atrás; deveriam se submeter a uma rotina de treinos similar àquelas que os lutadores de UFC vivenciam. Fora do octógono os lutadores do UFC não deixam de ser atletas.

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo
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