Não que o Milan redimensionado seja um timaço – longe disso. Mas o futebol do time de Max Allegri no derby e em outras partidas da temporada tem quase que exclusivamente a responsabilidade do treinador. Além da provável inadequação à preparação física (dez lesões em sete rodadas, sendo que so0mente uma causada por trauma), o time se ressente por um estado tático confusionário. O confronto entre os dois rivais de Milão viram uma Inter muito mais bem postada, ainda que com um time ainda mais singelo que o milanista (Cassano é uma nota à parte em termos de nulidade). Verdade – o gol de Montolivo era válido e poderia ter dado outra história ao jogo. Só que a coleção de erros de um nervoso Allegri deixaram a festa ser interista, e não sem merecimento.
“Merecimento”, cabe dizer, no que se trata de aplicação tática e dedicação de um time pobre. Allegri repete seu erro de escalação desde sempre. Por exemplo: como esperar que um meio-campo com três homens supere um de cinco se os laterais não sobem? Emanuelson não conseguia passar por “El Cid” Zanetti justamente por partir do meio e abrir, uma vez que De Sciglio, invertido, não se sentia à vontade para descer e Bonera joga a la Bonera. Com Cambiasso e Gargano fechando o meio, após o gol de bola parada de Samuel, o meio-campo milanista dependeu de Montolivo, que recebia marcação dobrada o tempo todo e Boateng não conseguia surpreender diante de uma defesa com sobra.
Mas foi no ataque o lugar onde Allegri mostrou menos visão. Contra uma defesa a três, era lógico imaginar o uso de um atacante leve (Bojan ou El Shaarawy) ou até os dois, desde que houvesse um ponto de referência (Pazzini). Allegri largou Bojan e Shaarawy contra uma defesa a três e os dois cansaram-se de bater cabeça puxando a bola para fora da área e cruzando-a para…Samuel. Depois da expulsão de Nagatomo, a Inter ainda não sofreu nenhuma ameaça até a entrada de Pazzini, quando o Milan igualou a quantidade de homens no ataque e forçou a Inter a jogar sem sobra. O problema é que mesmo jogando 15 minutos com uma disposição tática aceitável, teve de se deparar contra uma defesa “mourinhiana”, absolutamente cínica e decidida a não levar mais um gol. Stramaccioni não é o técnico para fazer a transição que a Inter precisa, mas é realmente promissor. Enxerga o jogo, tem uma postura discreta e disposição para peitar jogadores mais laureados (Maicon e Pazzini, por exemplo).
O ano milanista é de reconstrução. Pensar em título a esta altura é ingenuidade, mas há boas perspectivas para os próximos anos, com uma série de jovens interessantes (de El Shaarawy a De Sciglio). Ainda assim, era possível imaginar que uma defesa com Bonera e Yepes não pudesse intimidar nem um time de segunda divisão, ao passo que uma retaguarda com o veloz Zapata com o técnico Méxés possa vir a ser aceitável, desde que escalada. O Milan redimensionado luta por uma vaga na liga Europa, desde que os rumores sejam verdadeiros e Allegri seja deixado no caminho, uma vítima da necessidade de se refazer o elenco (ele não deixou poucos inimigos ao mandar todos os senadores milanistas embora). Se o elenco é singelo, não é tão ruim a ponto de não bater uma Inter com dez homens.

Esperava mais de Allegri como treinador. O desafio de assumir o Milan em baixa não foi fácil, porém as contratações relâmpago de Ibrahimovic e Robinho facilitaram as coisas para ele.
Deveria ter aproveitado enquanto os ventos estavam ao seu favor para enxugar o time e levá-lo, gradativamente, para um padrão tático que lhe fosse mais afeito com jogadores que pudessem ser de bom uso ao clube por um longo tempo. Ao invés disso, manteve o sistema tático e ficou feliz com remendos como Van Bommel… Enfim, esse foi um dos erros dele.
Aliás, é verdade que, desde que Allegri assumiu, o time teve um número elevado de lesões e a condição física de alguns jogadores esteve bem abaixo do ideal. Pirlo, por exemplo: Era uma carroça no Milan, agora parece um caça supersônico na Juventus.
Mas, o maior erro dele, aquele que não poderia cometer em hipótese alguma é justamente o que acontece no inicio desta temporada. Ao falhar na reestruturação do time no momento delicado (ao qual ele devia estar preparado desde sempre), Allegri também falha em se afirmar como um treinador de ponta.
O time do Milan continua inchado e agora está recheado de jogadores medianos. A defesa e o ataque foram muito mal repostos… O time é feinho (um monstrinho…) e, além disso, não tem se mostrado competitivo. Eu lamento, mas acho que só lhe resta a demissão mesmo.