EURO 2012, três dias de competição

Já foram disputados jogos dos grupos A, B e C. No sábado a zebra nórdica surgiu em vermelho e branco. A Dinamarca bateu a Holanda por 1×0 contrariando todas as expectativas. Este que vos escreve acompanhou Alemanha 1×0 Portugal, uma partida ‘suada’ e movimentada sobretudo no primeiro tempo.

Os lusitanos apresentaram uma surpreendente disposição defensiva. Cristiano Ronaldo, justiça seja feita, fez o que pode sendo o único talento diferenciado de todo o time português. Mas leia-se não fez nada de sublime e espetacular. O jogo pragmático do nationaleff se mostrou eficiente mesmo quando o condicionamento físico sofre com o sprint do decorrer do segundo tempo.

Alías, algo que afeta todas as seleções da EURO pois todos os seus atletas se vêem em fim de temporada. Muitos analistas (como os colegas do site Trivela) chamaram a atenção para a presença de Hummels zagueiro do Borussia Dortmund. Em alguns momentos atuando como um líbero, Hummels acertadamente tem a capacidade de cadenciar o jogo quando necessário, demonstrando condicionamento físico absurdo.

Nos momentos de ‘desespero’ a Alemanha contava com a segurança de Neuel sem dúvida um dos melhores goleiros da atualidade. Ofensivamente Özil segue discreto, ainda que dos pés dele possa sair a qualquer momento algo surpreendente.

Quem ‘transpira’ mesmo é Thomas Müller sobretudo quando aberto pelo lado direito. As bolas que partem de seu pé direito pelo lado destro extremo sempre procuram o grandalhão Gómez na área, autor do gol solitário. Gómez anotou 1×0 de cabeça já no decorrer do segundo tempo após bola alçada na área que desviou num defensor lusitano. Müller que no nationaleff parece bem a vontade sem ter que disputar espaço como Robben e Ribery como acontece no FC Bayern.

Entre os portugueses, enaltece-se a vontade de Fabio Coentrão e do vigoroso Raul Meirelles. Mas os lusitanos poderiam ter sido agraciados com um grupo menos complicado. Alemanha e Dinamarca se vêem empatados com três pontos cada na cabeça do grupo B. Hoje Espanha e Itália empataram em 1×1 numa aclamada disputa tática que infelizmente não acompanhei. A Croácia lidera o grupo C após golear a Irlanda por 3×1.

Amanhã o grupo D

Amanhã o destaque fica para França x Inglaterra seleções tradicionais porém em momentos de transição. Pelo lado bleu, o técnico Blanc já rechaçou publicamente qualquer condição de favoritismo. Capitão do título Mundial de 1998, Blanc vem sendo eficiente no extermínio dos fantasmas da geração Zidane.

É uma nova França após os ‘bafões’ na África em 2010 onde notamos um grupo psicologicamente inseguro, formado por jogadores/celebridade no primeiro Mundial sem Zizou. A nova França chamou a atenção nos últimos amistosos antes da EURO, mostra disposição para marcar, num sistema defensivo liderado pelo subestimado Phillip Mexes na zaga central. Méxes atualmente jogando no Milan e que contabiliza quase dez anos na Série A italiana.

O volante M’Villa fixado a frente da linha defesa chegou a se lesionar no amistoso vencido contra a Sérvia por 2×0 há pouco mais de uma semana. Vinha sendo destaque mas a lesão não decretou seu corte. Um ataque rápido e envolvente se dá o tridente Nasri/Benzema/Ribery. É possível notar também algum jogo de cintura por parte de Blanc ao convocar o último, um dos pivôs das confusões no último Mundial. Ribery é realmente o único jogador diferenciado do ataque francês.

Já o English Team que vinha sofrendo de efeitos parecidos com os que sofreram a França em 2010 chega como súbita incógnita. Em meio às confusões de John Terry e a braçadeira de capitão, o técnico italiano Fabio Capello se demitiu em fevereiro último.

Isso após a FA atravessar sua decisão de novamente ceder a braçadeira para Terry, exigindo que a mesma lhe fosse retirada após o zagueiro ofender um adversário de forma racista em jogo da Premier League. Capello que havia sido trazido após a Inglaterra sequer se qualificar para a última EURO em 2008.

O senil Roy Hodgson surge no comando técnico britânico tendo assumido há pouquissimo tempo a seleção inglesa. França x Inglaterra se enfrentam pelo grupo D. A outra partida será motivo de festa na outra metade anfitriã da EURO Polônia/Ucrânia.

A seleção ucraniana do veteraníssimo Andriy Shevchenko recebe a Suécia de Zlatan Ibrahimović. Bem mais tradicional que a Polônia, a Ucrânia tem atletas habituados a jogos de alto nível como o volante Tymonchuk ou o meia Voronin. Tymonchuk aliás que foi titular pelo FC Bayern na final da Champions League ocorrida a pouco.

Entre os suecos algo como ‘Ibrah mais 10’ se identifica, sendo que este que vos escreve aguarda um ponto de maturação a se revelar por parte do atacante junto a sua seleção. Bobeando a Inglaterra pode ter vida dura e a França apresenta uma solidez que a qualifica enquanto ‘humilde favorita’ no grupo D.

Alexandre Kazuo
Alexandre Kazuo é blogueiro de futebol há mais de 10 anos. Ex-colaborador do Trivela (2006-2010) e ex-blogueiro do ESPN FC Brasil (Lyon). É mestre em filosofia contemporânea e também procura por cultura pop, punk/rock/metal. Twitter - @Immortal_Kazuo

4 Comments

  1. Rafael ‘mais azul do que nunca graças a Nike’ foi boa. Mas a camisa realmente está bonita. Cara concordo com quase tudo a não ser no inicio. Acho que Benzema e Nasri estão um dedo abaixo de um Rooney por exemplo. Nasri talvez possa a vir a ser tão decisivo quanto mas da minha parte é uma aposta. Agora Ribery já deveria ter provado algo pela idade. É diferenciado, mas apenas isso. Até e obrigado pelas intervenções!

  2. Benzema, Nasri, Ribery têm qualidade para resolver uma partida em um lance. A França possui mais qualidade individual.

    Assim como o Chelsea, a Inglaterra está jogando com o bê-a-bá do “futebol moderno” (defesa forte, contra-ataque veloz). Rooney e Gerrard poderiam desequilibrar se tivessem condições para isso. Um está suspenso, o outro joga longe da área adversária… É difícil desequilibrar uma partida assim.

    Em termos práticos, jogadores como Oxlade-Chamberlain, Ashley Young e Welbeck são muito importantes nesse estilo de jogo pois a saída em velocidade é através deles, mas sua importância se deve muito mais a uma função tática do que a qualidade individual de cada um deles…

    Quanto a França, o que falta ao time azul (mais azul do que nunca graças a Nike…) é coletividade no ataque/variações ofensivas. Parece pouca coisa, mas faz uma diferença terrível quando o torneio afunilar. Não estou descartando a França do título, só acho que outras equipes têm mais chances de vencer.

  3. É caro, talvez haja um padrão tático europeu. Mas como escrevi, não vi nem Espanha e nem Itália em campo ainda. Sobre a França, as vezes vejo que eles tem algo que a Inglaterra não tem como uma base renovada. Por outro lado o english team tem 2 ou 3 que podem resolver (Gerrard/Rooney), algo que falta aos bleus! Abs

  4. Com exceção de Espanha, Itália e Ucrânia, todas as seleções jogaram com o mesmo esquema tático, salvo algumas variações muito sutis. E todos os jogos envolvendo grandes seleções acabaram 1×0 ou 1×1. Coincidência? Talvez não…

    Apostei na França pra ganhar essa Eurocopa, mas se tivesse previsto o jogo de hoje certamente mudaria de ideia…

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