Num final de semana de futebol medíocre, sofrível, pelo Brasil, a troca de líder e a segunda demissão seguida da Dorival Júnior merecem observação. Contudo, não pelas razões mais óbvias que gerariam curiosidade em o campeonato trocar de dono na ponta nem na demissão de um técnico até outro dia promissor. O erro em avaliar as próprias limitrações é que está em jogo.
Até duas semanas atrás, o Corinthians era pintado (com mais entusiasmo em São Paulo) como o grande time do campeonato. Líder, invicto, depois de golear o rival mais visceral (um pífio, lamentável São Paulo), o esquadrão de Chicão, Paulinho e William era apontado como uma máquina de jogar futebol. Até Ralf, o volante do time, acabou merecendo um chamado de Mano Menezes por causa de seu futebol preciso, envolvente e moderno. Agora, após derrotas, empates e um mau futebol não muito diferente do que povoou as partidas alvinegras até algumas partidas atrás, começam os questionamentos e as análises do que teria acontecido para afetar a performance de um time tão fadado ao sucesso. E a resposta é óbvia, como quase sempre nos debates do futebol brasileiro. Não aconteceu nada.
A liderança do Corinthians tinha se dado pura e simplesmente por uma seqüência fortuita de resultados. Exceção feita a Alex e Liedson, que de fato são jogadores mais apurados do que a média do torneio, o Corinthians fez seus resultados com a força de sua torcida e confiança. No geral, o elenco é medíocre (favor ler a definição do dicionário antes de vociferar). Os elogios feitos ao time e ao seu técnico (que há poucas semanas foi classificado como sendo uma m…pelo próprio presidente do clube) são estofo de jornal – nada que se deva levar a sério, assim como as análises rasas como poças d’água feitas no pseudojornalismo mesaredondístico. Em termos de capacidade, o Corinthians pode ser campeão brasileiro como pelo menos mais meia dúzia de clubes, e ainda assim, graças a um nível técnico abaixo da crítica. Mesmo times que têm elencos um pouco melhores, como Internacional e Santos, estão abraçados à pobreza técnica franciscana por razões que vão da capacidade gerencial celenterada à desmobilização por títulos recentes e possibilidades de transferências milionárias.
Outro caso interessante é o de Dorival Júnior. Visivelmente trata-se de um bom técnico, mas ainda com necessidade de aprender muito em times menores, especialmente no que tange à parte defensiva (como, aliás, é a regra no Brasil). Dorival deu passos maiores que sua perna animado por um bom período no Cruzeiro, mas têm patinado muito sob pressão. E no seu último fracasso, pesa também um dilema psicológico do Atlético-MG. O clube voltou a ter um adireção aceitável depois de anos de abandono a figuras risíveis. Mas mesmo a atual gerência não está avaliando as reais possibilidades do clube atualmente e está colocando uma pressão exagerada em seus treinadores. Há dois anos, o atleticano crucificou Celso Roth depois de um campeonato brilhante porque achava que Diego Tardelli e Ricardinho eram gênios que dariam títulos a qualquer clube e, num clube com a grandeza do Galo, qualquer coisa que não fosse o título era fracasso. Não era (aliás, um título ali teria feito o clube crer que o trabalho estava feito e não por fazer).
Brandir o passado como trunfo e exigir sucessos é a receita para o buraco. Um time não se reestrutura só com boas contratações depois de um período de caos. Em vez de exigir o título e a grandeza que imagina ideal para o Atlético, o atleticano deveria permitir que o clube firmasse as bases de um futuro sólido. Dorival Júnior foi uma boa chance perdida – embora o próprio treinador também tenha sua parcela de culpa ao ter aceito o jogo de responsabilidades. Dorival e o Atlético continuam em boas condições de fazer um futuro sólido, mas precisam de paciência, menos ansiedade e um pouco mais de realismo.
Sobre o Atlético-MG, a direção mesmo sendo aceitável comete erros ridiculos, como montar e desmontar um elenco a cada 4 meses. Hoje o time do Atlético é repleto de garotos, jogadores medianos e medalhões, e assim não há técnico que aguente. Tem alguns jogadores que hoje até poderiam ser úteis que foram negociados/dispensados/encostados pelo clube, que contrata por atacado e muitas vezes pagando salários altíssimos a jogadores com perspectivas duvidosas, como Fábio Costa e Diego Souza por exemplo.
Isso vem desde os tempos do Celso Roth, que fez um bom trabalho, mas acabou sendo refém do excelente começo da equipe que fez com que a diretoria acreditasse que o clube tivesse time para ganhar o Brasileiro de 2009 com 5 rodadas de antecedencia…
Só dá pra saber quem vai lutar pelo título do campeonato brasileiro de verdade em outubro, depois da maratona insana de jogos em que os times ficam cheios de jogadores lesionados e mal têm tempo para treinar. Qualquer time que está no meio da tabela agora tem chances de chegar ao título. Nos últimos anos, dificilmente o campeão brasileiro obteve mais do que 65% de aproveitamento. O Flamengo foi campeão com menos de 60%…
E quanto ao Dorival. Eu acho que o problema não é ele e sim o Atlético-Mg. Qual o sentido de ter o melhor ct do país se você não usa os jogadores da base para o time principal e contrata um time inteiro todo o inicio de temporada?
Acho que a queda do Corinthians se deve ao fato de que o time só sabe jogar sem a bola. Depois que os times passaram a apenas se defender contra o Corinthians e obrigá-lo a furar retrancas, a (in)capacidade de Tite e alguns jogadores foi mostrada. Mesmo assim, na reta final o time terá Adriano e Liedson e, acredito eu, que isso será decisivo para a conquista da taça.
Agora que o Flamengo virou líder, estou esperando para ver quando irão começar a incensar Ronaldinho Gaúcho. Daqui a pouco alguém vai dizer que o cara é o melhor do mundo.