“Quero agradecer a Pazzini. se ele não tivesse virado o jogo, temia que pudéssemos entrar em campo sem a determinação necessária”. As palavras de Massimiliano Allegri depois da cesariana vitória sobre o Bologna não passam só pelo resultado que impediu o Milan de erguer o troféu ainda em San Siro no domingo. O gol de Pazzini foi mais um gol contra da Inter para o campeonato que vem.
Durante os 90 minutos de partida em Cesena, o time da casa, minúsculo que seja, foi o time mais incisivo. Sem Sneijder, a Inter assumiu o seu estado mental confuso, similar ao das últimas rodadas comandadas por Rafa Benitez. O sucesso sofrido de uma semana antes contra a Lazio tinha transformado Leonardo de um técnico comatoso numa possibilidade mais-que-concreta de permanência em Appiano Gentile. O sucesso de Cesena fez dele o favorito para a temporada que vem e transformou a necessidade de reformulação em um discurso de “meros retoques” por parte do clube. É difícil não comemorar um gol, mas se o torcedor interista se afastasse da paixão, os dois de Pazzini seriam os primeiros candidatos para tal ato.
A saída de um ou dois medalhões interistas ainda é provável, mas é possível que se mexa menos no ‘baixo clero’ interista. Não há insatisfação com nenhum dos ‘bigs’, mas o fato é que a temporada deles não justifica a negativa dada a boas propostas no ano passado. Milito e Maicon, por exemplo, poderiam ter levantado €40 milhões e sem os dois, dificlmente os resultados do time teriam sido muito diversos. Mas o fato é que o time campeoníssimo da Inter era o time de Mourinho. Sem ele, esse time não funciona.
A rodada mostrou mais uma vez um torneio muito opaco, nivelado por baixo (contrariando a negação de Adriano Galliani, que vê nas dificuldades que têm os líderes um símbolo de força do torneio – uma negação similar à dos clubes brasileiros). O Milan teve basicamente um grandíssimo protagonista contra o Bologna, Thiago Silva, que quando joga ao lado de Nesta é o melhor central do mundo (sem ele, ainda é irregular). Todo o resto foi desordenado, com Robinho sendo cruel com a torcida em sua falta de objetividade e foco, voltando à sua mania santista de tentar jogadas de efeito e batendo cabeça com Cassano na ausência de um centroavante fixo.
Se o Napoli fez seu resultado em cima do Genoa e a Roma bateu o Bari com sorte e garra num jogo de uma pobreza épica, Lazio e Udinese parecem estar cedendo à queda de produção física, com times titulares cansados demais para reger as 38 rodadas. Melhor time do torneio, a Udinese teve seu canto do cisne no jogo que tirou o Napoli da corrida ao título e apesar das reclamações da Lazio sobre a arbitragem (n. do r: um esporte italiano entre dirigentes de clubes que jamais vencem), a derrota para uma Juventus provinciana deixa claro que Hernanes está cansado, assim como o resto do time. É difícil prever qual entre os quatro concorrentes à LC (Juve, Lazio, Udinese e Roma) está mais no bagaço e por isso, o favoritismo dos times da capital é marginal, em função da tabela. No rebaixamento, Brescia e Lecce estão no check-in do rebaixamento, com suas passagens compradas, e enfrentar Catania e Napoli certamente não vai lhes prover um overbooking.
Uma reformulação a fundo tem chance de acontecer em relação inversamente proporcional ao sucesso da temporada. Quanto pior a Inter ficar, mais funda ela será. O Leonardo fica se garantir o vice-campeonato; em terceiro, balança e pode cair. Como técnico, o Leonardo carece nitidamente de experiência em clubes menores. O discurso dele me lembra o do Muricy na primeira passagem no São Paulo: onde tudo se resolvia com mais atacantes (chegou a jogar com quatro). Ele tem conceitos táticos que funcionam só no discurso. Para ser um técnico, precisa aprender a montar um time inteiro, não só o ataque. A Inter e o Milan eram isso: grandes atacantes com defesas vendidas. No Milan, ele fez muito mais do que podia com um time medíocre; na Inter, fez menos, porque o time se acreditava melhor do que é. abs
Nada é impossível. O ponto é que o Moratti é passional até a medula – manteve um inútil Recoba por anos a fio com salário milionário porque gostava dele, contratou Mancini porque gostava dele, assim como Leonardo, etc. Qualquer observador sensato demitiria o Leonardo imediatamente, limitando a grande bobagem que foi contratá-lo para espezinhar o Milan. O Guardiola seria uma excelente opção para a Inter – não sei para ele, porque por mais que eu goste dele, no Barcelona, ele é protegido pelo ambiente. Na Inter, seria boi de piranha. abs
Concordo contigo que o Berlusconi anda meio esclerosado, mas ele andou prometendo ao menos um grande jogador, que não será CR7 – creio que principalmente pelo fato de que não haveria mulheres suficientes na Lombardia para o português e Berlusconi!:-D – em mais de uma ocasião.
A conferir quem será esse jogador – se é que ele chegará mesmo.
E também concordo que seria interessante os grandes injetarem dinheiro na economia do calcio, mas creio que será meio complicado, principalmente para o Milan. No “mercado” que realizei para o clube outro dia, chutei o pau da barraca e contratei “modestos” nove jogadores – quando, na média, nos anos anteriores ficava em quatro contratações.
Pois bem, apenas um jogador desses nove saiu de uma outra equipe italiana. Até estava bastante tentado a contratar o Inler, mas parece que a Udinese avalia o preço dos direitos dele em € 16 milhões. Aí fica difícil…
Oi Cassiano.
Você acha que se Leonardo ficar. É impossivel haver uma reformulação? Ou você acha que Leonardo é um pessimo tecnico?
Beijos!;3
O problema é que a vitória foi importante de todo jeito pela manutenção da vaga direta para a UCL; acho que, a Copa Itália tb pode ser decisiva pela manutenção ou não do Leonardo (pensando com a cabeça do Moratti). Mas será que essa resistência acabaria com a possibilidade de se trazer o Guardiola?
O Berlusconi está nitidamente ficando esclerosado. Comprar o Cristiano Ronaldo só serviria de “penis extender” para ele se sentir poderoso com as ninfetas que ele recebe em Villa Arcori. O que eu queria mesmo era que Inter, Milan e Juve fizessem um mercado mirado, comprando jogadores de dentro da Itália (para fortalecer o mercado interno) e que no ano que vem a corrida pelo título fosse entre os tres, de verdade, com Genoa e Napoli por fora. abs
A Udinese, depois de três meses de brilho, está pagando agora o preço de ter um elenco demasiadamente curto. E isso, convenhamos, é condizente com o status e o orçamento do clube.
Como a Serie A nesta temporada já terminou, desde a semana passada só existe um assunto nas conversas entre torcedores: mercado. Até o final de julho deve ser só isso. Tomara que ao menos o Berlusconi mantenha a palavra e dê alguma emoção nesse assunto. Se isso não acontecer será uma chatice aguentar esse tempo todo apenas com especulações dos mais variados tipos.
Sorte sua Michel. Torcer pragmaticamente é uma droga. Eu me lembro de um jogador que meu time tinha que a cada vez que marcava, eu ficava dividido, porque sabia que ele se fortalecia, apesar de ser medíocre. Dei graças a Deus quando ele vazou. O bom mesmo é torcer surtadão. abs
Daniel, o Moratti é e sempre foi muito emotivo. Num clube grande, a força emocional é difícil de ser gerida, especialmente nos clubes italianos. Ter visto a Inter reagir em dois jogos aparentemente perdidos e mais a afeição de Moratti pelo Leonardo dobraram ele. Ele ainda pode surpreender e passar a régua no técnico e elenco, claro, mas avaliando-se pelo histórico dele, é difícil que isso ocorra. abs
Curiosamente, estava pensando nisso na hora em que Pazzini marcou o segundo gol. Um torcedor pragmático (isso existe?) lamentaria a vitória pensando na permanência de Leonardo, mas também lembraria que a vaga direta para a UCL estava assegurada. Mas, o torcedor comum certamente comemoraria uma vitória incrível nos acréscimos. Obviamente, fiquei com a segunda hipótese 🙂
Abraços
O problema de demitir Leonardo é saber quem por no lugar e, além disso, dar tempo e confiança a essa pessoa (coisas que Rafa Benítez não teve).
Com exceção de Spalletti, não consigo pensar em nenhum nome bom o bastante para a Inter.
Cassiano, tudo bem?
Como Moratti pode ser assim tão instável? Há 15 dias atrás, a idéia era de de demitir Leonardo, e agora se cogita em mantê-lo como favorito no cargo… Moratti deve agir racionalmente, desde já entrar em contato com técnicos mais experientes, que saibam lidar com estrelas, senão será mais uma temporada da Inter no limbo, o que ficaria pior, somando-se com a ascensão do Milan. Diante do elenco estelar da Inter, a vaga na UCL da próxima temporada não é nada mais que uma obrigação. E vencer a Copa Itália deve ser prioridade máxima.
Concordo contigo quanto à temporada italiana ser nivelada por baixo, o fracasso dos clubes da Bota na UCL e Europa League é uma prova disso. Os times italianos nas competições européias devem ter um elenco amplo e capaz de atuar bem em ambas as competições, senão a distância para clubes de outros lugares da Europa irá aumentar, infelizmente.
Por fim, não entendo a Udinese. Um time que fez grandes jogos, venceu adversários na frente da tabela e agora em franca decadência… Lamentável decair tanto desse jeito.
Um abraço, parabéns pela coluna, muito completa e abrangente.
reclamações sobre a arbitragem = um esporte italiano entre dirigentes de clubes que jamais vencem. Essa foi a melhor…hahaha. Na Europa existe alguém disposto a desembolsar mais de 30 mi por Hernanes?
Brescia e Lecce vem brigando e jogando com muita disposição e alguma técnica até para fugir do rebaixamento. O empate do Brescia contra a Sampdoria foi um pecado, porque a equipe genovesa merece muito cair, pelo futebol péssimo que vem apresentando.
Sobre a Inter, bem, reformular ou reformular, porque se ficar nessa de “pequenos ajustes”, não vai dar muito certo não…
o problema é que o Nesta não tem substituto, aí Thiago Silva faz dupla com outro central medíocre. É igual o Lúcio, que paga o pato por fazer coppia com um zagueiro inexperiente e de qualidade duvidosa como Rannochia.